Stone Temple Pilots faz show seguro e levanta São Paulo com hits dos anos 90
- Hugo Luque
- há 2 dias
- 3 min de leitura
Não se engane: a placa já é preta, mas o motor do Stone Temple Pilots ainda está muito forte. A banda californiana voltou a tocar em solo brasileiro na última quinta-feira (22), dois anos depois de sua última passagem pelo país, e entregou uma de suas melhores apresentações em território nacional. No Terra SP, em São Paulo (SP), não teve uma alma que resistiu à eletricidade do quarteto, que investiu na segurança de sua vasta coleção de hits.

A noite começou com o show de abertura do grupo de hard rock Velvet Chains, de Las Vegas. Embora tenha sido bem recebida pelo sempre carinhoso público brasileiro, a banda entregou um show neutro, em certos momentos pouco inspirado e, de certa forma, até mesmo genérico, com canções autorais e versões, ainda que tudo bem executado. Era evidente a ansiedade dos fãs pela cereja no bolo: a lenda do rock alternativo dos anos 90.
Embora estadunidense, o Stone Temple Pilots subiu ao palco com pontualidade britânica, às 21h30, de forma respeitosa com a grande parcela do público que conta com os trens e metrôs de São Paulo (fecham à meia-noite) para tomar o rumo de casa ou da hospedagem.
Após uma breve introdução e a saudação não verbal do vocalista Jeff Gutt, que merece um parágrafo à parte - e terá -, a guitarra de Dean DeLeo entrou com tudo em “Unglued”. Logo de cara, o STP deu o tom da noite com muita energia.
Sem pausa para descansar, o quarteto quase emendava as canções e fazia o público pular e cantar as letras e os riffs. Gutt, então, mostrou que sabe ser tão caloroso quanto os sul-americanos - afinal, a banda vem de shows de tirar o fôlego nos vizinhos Chile e Argentina.
O cantor, que ganhou os holofotes na edição de 2013 do programa “The X Factor” e está com o Stone Temple Pilots desde 2017, demonstrou atitudes de frontman que lembraram muito Scott Weiland, voz original do grupo e morto em 2015. O não mais tão novo dono do microfone foi à grade da pista em diversas oportunidades, como em “Down” e “Vasoline”. Além disso, mostrou que, de fato, foi a melhor escolha possível para dar sequência ao legado de Weiland, pois sabe e muito cantar. O movimento foi semelhante ao feito pelo Alice in Chains quando convidou, em 2006, o talentoso William DuVall para tomar o posto deixado pelo lendário Layne Staley, que morreu em 2002.
O que pode ser visto por alguns como ponto negativo da noite, porém, foi a ausência de canções dos dois álbuns gravados com Gutt: “Stone Temple Pilots” (2018) e “Perdida” (2020). Mas isso não pareceu fazer muita diferença para o público, que cantou, pulou e se deliciou com hits dos álbuns “Core” (1992), “Purple” (1994), “Tiny Music… Songs from the Vatican Gift Shop” (1996) e “No. 4” (1999).
Foi uma viagem no tempo, que trouxe hinos pulsantes dos anos 90, como “Plush”, “Vasoline”, “Interstate Love Song” e “Trippin’ on a Hole in a Paper Heart”. Também deu tempo para momentos mais introspectivos e emocionantes, como a homenagem a Scott Weiland em “Still Remains” e a pesada canção “Kitchenware and Candybars”.
Após 16 faixas e uma ou outra troca de ideias instrumental entre os irmãos Dean e Robert DeLeo com o baterista Eric Kretz, o STP mandou todo mundo para casa com um sorriso no rosto, às 23h, ao fechar o setlist com a enérgica “Sex Type Thing”. Como forma de dizer “até logo”, Gutt saltou direto nos braços da plateia, agradeceu pela recepção e tomou uma dose de tequila.
Ainda que pudesse experimentar e arriscar mais canções não tão conhecidas - algumas delas recentes, já na atual formação -, a banda californiana mostrou que continua com muita lenha para queimar e faz sucesso com públicos de várias gerações.
Confira o setlist completo do show:
Unglued
Wicked Garden
Vasoline
Big Bang Baby
Down
Silvergun Superman
Meatplow
Still Remains
Big Empty
Plush
Interstate Love Song
Crackerman
Dead & Bloated
Trippin’ on a Hole in a Paper Heart
Kitchenware & Candybars
Piece of Pie
Sex Type Thing