top of page
  • Foto do escritorGuilherme Moro

Perí Carpigiani apresenta sua nova banda, disseca Nove Mil Anjos e fala sobre sua trajetória

Atualizado: 13 de out. de 2020

Perí Carpigiani é cantor, compositor, ator e diretor. Ele ganhou notoriedade nacional sendo o vocalista da saudosa banda Nove Mil Anjos. Nessa matéria exclusiva vamos dissecar a carreira do artista, passar por seus altos e baixos e apresentar o seu mais recente e inédito projeto: a banda Skyne.


Skyne



Para entender o nascimento da Skyne, é preciso voltar ao ano de 2009. Com o fim da Nove Mil Anjos, Perí lançou diversos trabalhos como artista solo. Em 2016 ele sentiu a necessidade de novamente formar uma banda e foi amadurecendo a ideia, até chegar ao conceito que hoje a Skyne representa: “Quando eu decidi criar essa banda, eu já tinha o conceito do que eu queria falar com ela. Toda banda tem que ter uma pauta. No passado eu não sabia disso. Ela está sendo lançada durante esse período justamente para falar sobre temas que precisam ser abordados”, afirma.

No último dia 28 de setembro ganhou vida o primeiro single do projeto, uma versão pop/rock do grande sucesso de Ivete Sangalo, “Quando a Chuva Passar”.

Ele contou detalhes de como teve a ideia de regravar essa canção e de algumas histórias curiosas em torno dela: “Quando em 2016 eu tive vontade de montar uma banda, eu não achava nenhum estilo que me identificasse para compor e acabei guardando essa ideia. Quando chegou em 2018, eu ouvi a banda Malta com a vocalista Luana Camarah e fui procurar quem eram os produtores deles. Eu acabei descobrindo que o produtor era o Adriano Daga, um cara com quem eu já tinha trabalhado há muito tempo. Além de produzir diversos artistas, ele também é o baterista da Malta. Fui a casa dele para ouvir umas referências e já tinha em mente que eu gostaria de gravar “Quando a Chuva Passar”, mas acharia muito difícil convencer uma pessoa muito do rock a produzir essa música. Na hora em que eu disse que tinha vontade de fazer esse cover, ele me disse que a Malta tinha uma versão pronta dessa música com arranjo e tudo, mas que eles não iriam mais utilizar e acabou me oferecendo. A coisa acabou calhando de uma maneira muito louca! Essas coincidências fizeram com que essa música tivesse uma energia muito intensa”.


Foto: (Reprodução/Instagram)


Ainda falando sobre o conceito da Skyne, ele conta que a banda veio para trazer reflexão, passar alívio e remar contra a maré: “Falar de amor hoje em dia é o oposto do que está acontecendo no cenário. Se for pra reclamar eu faço cinco álbuns duplos e ainda vai faltar coisa”.

Cheio de gás e com o projeto a todo vapor, ele diz quais são os próximos projetos e trabalhos da banda: “Nós acabamos de lançar o nosso SITE, nessa semana vai sair um lyric vídeo, daqui uns 15 dias será lançado um clipe inédito que já está gravado e após o videoclipe nós vamos soltar nossa primeira autoral”, revela com exclusividade.


Lyric Video de "Quando a Chuva Passar"


O inicio na vida artística


Perícles Carpigiani é um artista completo, isso é inegável. Ele ingressou na vida artística aos nove anos de idade quando fazia parte do coral lírico. Ele relembra que a família sempre achou que ele cantava bem, mas ele nunca deu valor. Certa vez, sua mãe o levou para fazer um teste: “Ela me levou para fazer esse teste em um coral lírico, porém eles são super rígidos. Eu fui o único que passei naquele dia e o maestro que estava lá era o Elias Moreira, um monstro. Eu passei um ano ali em uma idade que se aprende muito, ainda mais com um monte de gente falando que você tem o dom para isso. Eu tive um incentivo muito grande naquele período. Nós tínhamos que aprender partitura. Quem canta utiliza a voz como instrumento, a gente tinha que reproduzir a nota de ouvido como se fosse no violão e solfejar sem nenhuma harmonia. Eles são muito disciplinados de uma maneira até dura para algumas coisas, isso faz com que você se valorize. Isso me deu um diferencial em muitas coisas: eu nunca vou virar as costas para um artista, por exemplo”.


Cultura no Brasil, artistas e desinformação


Em um bate-papo abordando diversos assuntos, Perí comentou o quanto as aulas de músicas nas escolas fazem falta, falou sobre a maneira que o Brasil trata a cultura em geral e de como os artistas se aproveitam de algumas leis muitas vezes por falta de instrução: “O artista sai solto na sociedade e muitas vezes mal visto. Sua mãe não vai querer que você seja um artista. Você pode ser preso ou sair como errado em uma situação sem ter feito nada. Cada país vê a cultura de uma maneira diferente, na Europa o artista já está com um conceito estabelecido e sabe dos seus direitos. Lá o governo apoia até o momento que o artista não precise mais de apoio. Aqui no Brasil, os artistas ficam mamando até chegar a próxima lei. Você consegue um auxílio do governo e ao invés de você pegar o dinheiro para gerar sua independência, essa grana é usada para pagar uma pessoa para conseguir cada vez mais verba, sendo que há muito tempo você já podia ser independente. Não adianta culpar o artista por essa situação, é preciso informar. Essa minha visão vem muito dessa disciplina do canto lírico que eu comentei antes. Sempre me fizeram ver a arte com muito respeito. As pessoas pensam que ser artista não requer uma noção social e burocrática, pensam que você vai chegar em um nível que todo mundo vai fazer as coisas a seu favor. Não é assim que funciona. No Brasil, vive de arte quem ama ou encontra nela uma maneira de sobreviver”.


“Horizonte Vertical” e carreira solo


Com o fim da Nove Mil Anjos, em 2009, Perí iniciou os trabalhos de sua carreira solo com o álbum “Horizonte Vertical”. Participando de outros inúmeros projetos, ele detalhou essa fase determinante e fundamental em sua carreira: “Eu fiquei dois anos trabalhando esse álbum, fazendo show em cidades do interior, muita propaganda em rádio e em São Paulo nós fizemos quase todas as casas. Foi muito legal. Em 2013 eu dei uma bugada, aconteceram muitas coisas de uma vez só, mas vou deixar para abordar depois. No início de 2017 lancei um álbum chamado 'O Mar Atravessou a Rua', só com hip-hop. Eu queria me distanciar do rock por um tempo. Eu tinha feito uma peça de teatro que também falava sobre rap, cultura de bairro e acabei misturando as coisas para lançar esse disco. Com ele eu fiz só uma apresentação no Estúdio ShowLivre e após isso eu encerrei o projeto. Entre 2018 e 2019 eu produzi e atuei em uma peça chamada 'O Espírito do Tempo', foi muito legal”.


Perí e a presença de palco


Sempre fazendo apresentações marcantes e roubando a cena com suas performances em cima do palco, Perí adora falar sobre esse assunto que ele domina e o ajuda muito a ser esse artista plural: “Muitos artistas pensam que tudo que rola no palco é improviso, mas nem tudo funciona assim, exige muito preparo. Por exemplo: No teatro você precisa respeitar suas marcações, porque tem um iluminador que está te seguindo e muitas outras pessoas prestando atenção no seu movimento, então eu aprendi muito com o teatro. Eu aplico tudo isso na banda. Eu fiz muita aula de dança e expressão corporal e eu utilizo muito na Skyne que nesse sentido tem uma linguagem muito parecida com a Nove Mil Anjos.

Perí em apresentação | Foto: (Reprodução/Facebook)


Dissecando a Nove Mil Anjos


Nove Mil Anjos: (Peu Sousa, Júnior Lima, Perí, Champignon)

Foto: (Reprodução/Instagram)


Curta, porém intensa e marcante. Essas duas palavras são as que melhor definem a trajetória da banda Nove Mil Anjos. Considerada uma superbanda por conter três integrantes embalados de projetos com absoluto sucesso, o grupo causou amor e ódio e é relembrado mesmo após uma década do término. Formado por Júnior Lima (Bateria), Champignon (Baixo) e Peu Sousa (Guitarra), o grupo precisava de um vocalista e encontraram em Perí a voz e personalidade ideal para fazer a banda acontecer.


Início


Perí trabalhava como garçom/cantor nas noites paulistas, ganhava 90 reais por dia de trabalho e usava o dinheiro para registrar suas composições em um estúdio de um amigo. Mal sabia ele que essas idas e vindas a esse estúdio iriam mudar sua trajetória para sempre: “Certo dia esse meu amigo me contou que havia uma banda procurando um vocalista, e me passou o número da Monique (Mulher do Peu Sousa)”. Peu era guitarrista da Pitty e ganhou notoriedade com seus riffs e arranjos de guitarra autênticos e diferentes. Perí prossegue a história: “Eu liguei para o número, ele atendeu e me falou para ir até a casa dele. A gente morava em bairros muito próximos. Quando eu cheguei, ele estava com o Galvão (Tio de Peu e ex-Novos Baianos). O Peu cantava uma vez e pedia para eu repetir, depois ele me perguntou se eu também compunha e respondi que sim. Quando eu dei a resposta positiva, o Galvão me deu um caderno e uma caneta e pediu pra gente escrever nossa primeira música, só de lembrar me da um arrepio. A música que a gente compôs nesse dia se chamava ‘diferente dessa vez’, usamos essa música como o especial de fim de ano da banda. A gente percebeu que o negócio deu liga, foi então que o Peu resolveu ligar para o Júnior (eu não fazia ideia que era o da dupla com a Sandy). Nós tocamos uma música ali no telefone e ele curtiu, ouvindo a voz dele no telefone já me soava familiar. O Juba veio na casa do Peu e a partir dai eu já não tava entendendo mais nada, tudo era muito surreal. Dez minutos depois chegou o Champignon e eu pensei 'o que é que eu tô fazendo aqui'? Depois disso nós fomos para a casa do Júnior e lá em cima tinha um estúdio. Ali eu já comecei a entender que eles estavam se planejando fazia tempo. Eles me perguntaram se eu ficaria fazendo um mês de teste com eles. Eu topei na hora. Foi uma coisa muito legal deles me colocarem lá, mas a cobrança veio”.


Gravação do álbum na Califórnia


O único álbum lançado pela Nove Mil Anjos, foi gravado na Califórnia com a produção de Sebastian Krys, vencedor de 17 Grammys. Perí expõe à público como foi essa viagem e todo o processo de criação do álbum: “No primeiro mês a gente compôs mais de 30 músicas, principalmente eu e o Peu. A gente começou a colocar em prática o plano de gravar na Califórnia. Já tinha alguns estúdios no radar, mas a gente escolheu esse pela mesa de som. Foi animal! A gente estava no exterior gravando um disco de rock e deu para a gente conviver muito. Antes de viajar, nós ensaiávamos seis horas por dia e cinco vezes por semana. Chegamos lá já sabendo muito bem o que tinha que ser feito, mas quando o álbum chegou no Brasil a sonoridade não era padrão rádio nacional. Hoje em dia que o álbum está em todas as plataformas digitais, a galera começou a me escrever falando que começaram a entender as letras e sonoridade da banda. Eu achei muito louco isso. As pessoas reagem de maneira diferente. Na época não tinha toda essa gama de possibilidades de você estar a um clique de ouvir uma música”, afirma.



Capa do álbum 9MA


A exposição na grande mídia e críticas


Do dia para noite a vida de Perí se transformou. Antes anônimo, agora ele fazia parte de um conjunto que os demais integrantes tinham uma legião gigante de fãs. Não foi fácil. Ele em especial sofreu muitas críticas. O vocalista também relata a exposição na mídia e como ele trabalhou todas essas informações de uma vez só: “Se eu falar que não gostei de estar na mídia, vou estar mentindo. Tocar no VMB, fazer apresentações nos programas de internet que na época eram vanguarda, abrir show para o Marron 5, tocar com a Ivete Sangalo, foi tudo muito incrível. A questão que pegou a Nove Mil Anjos, foi a expectativa de públicos que eram muito diferentes entre si. Nós agradamos muita gente, mas frustramos muitas pessoas também. Não tinha como ser diferente, eles escolheram me colocar na banda e a partir do momento que eu fui escolhido por ser quem eu sou, a minha personalidade tem que ser mantida. Acho que tentei manter minha essência ao máximo, mas deixei de aproveitar algumas oportunidades por estar na defensiva”, relembra.


Convivência e o fim da Nove Mil Anjos


Em setembro de 2009, Júnior Lima confirmou que a banda daria uma pausa já com boatos de separação definitiva na mídia. Em nenhum meio de comunicação foi divulgado o que realmente aconteceu. Perí abriu o jogo e contou tudo sobre o fim da banda: “A gente nunca anunciou uma pausa que seria provisória, também nunca vendemos uma possível volta. Por uma sintonia natural, eu e o Juba ficamos mais próximos e o Peu e o Champs também ficaram mais juntos. Meu estilo de vida se encontrou muito mais com o Júnior e depois da banda nós passamos por muitas coisas juntos. Eu senti que a gente estava andando ‘dois pra lá e dois pra cá’. Eu perdi a confiança. Também vi coisas que aconteceram com o próprio Júnior que me fizeram perceber que não dava mais para confiar ali. O fim da banda no meu coração foi um dia que fomos no Estúdio Mega para fazer um remix de uma música que eu e o Champignon íamos cantar juntos. Nesse dia muitas coisas nada a ver tinham rolado alguns dias antes e me fizeram questionar se eu queria colocar minha alma nesse barco. Eu tentava avisar o Júnior, mas eu não eu podia porque tinha sido o último a chegar. Naquele dia gravei desanimado e eu sabia que um cantor como eu jamais iria gravar desanimado em um estúdio como é o Mega. Eu nunca cheguei nem perto (e sei que o Ju também não) do motivo que fez com que acontecesse tudo que rolou com o Champignon e o Peu. Eu tenho o máximo de respeito com a família dos dois, mas são escolhas que acabam virando obrigações e você acaba não tendo mais controle. A Nove Mil Anjos, no meu coração, não termina nunca. Foi uma baita banda, com três baita músicos e uma baita estrutura. Viajamos todo o Brasil, fomos em todas as TV’s, fizemos tanta coisa legal e eu conheci muita gente boa. Foi um período curto, mas que gerou muita amizade.



As perdas de 2013


O ano de 2013 não foi nada fácil para Perí e para ninguém que de alguma maneira esteve ligada a Nove Mil Anjos. Em março, Ferrugem (que era segurança da banda), faleceu devido a um infarto, Peu Sousa se suicidou em maio e Champignon em setembro. Chorão e o preparador vocal da banda também faleceram neste fatídico ano. Relembrando os momentos difíceis, Perícles relatou como que foi se cuidar após tantas energias ruins de uma só vez: “Eu acho que fui uma das últimas duas ou três pessoas a falar com o Champignon. Com o Peu eu não falava fazia muito tempo e o Ferrugem virou meu amigo mesmo, eu trouxe ele pra minha vida. Foi uma sequência de novidades. Eu nunca tinha perdido pessoas que eu conhecesse em um curto intervalo de tempo. Eu achei melhor dar uma parada com tudo, estava terminando os shows da minha carreira solo com banda. Conversando com a minha amiga depois de ter tido algumas situações em que eu fiquei muito mal, fui para reuniões em que o pessoal ficava meditando, recebendo pessoas e boas vibrações. No mesmo horário que eu participava iam muitas mães que tinham acabado de perder seus filhos. Elas chegavam em choque e muitas vezes eu tinha a função de ajudar elas. Esse contato com elas me fez ressignificar o valor da vida”.


Renovado e mais focado do que nunca, Perí está com tudo para colocar a Skyne nos trilhos e em breve fazer coisas muito relevantes com esse projeto. Essa matéria é um pequeno resumo da carreira desse grande artista brasileiro, feita com base em um bate-papo muito interessante. Vida longa!

 

Redes Sociais da Skyne


 

Gostou da matéria? Para conferir todas as nossas postagens, CLIQUE AQUI.


Siga o blog nas Redes Sociais: Facebook, Instagram

bottom of page