top of page

Dalto celebra 40 anos de carreira com projeto afetivo e crítica métricas do mercado: "brigam para ter um like"

  • Foto do escritor: Guilherme Moro
    Guilherme Moro
  • há 10 horas
  • 4 min de leitura

43 anos após lançar “Muito Estranho”, canção que o eternizou nas paradas brasileiras e que até hoje figura entre os maiores clássicos do pop nacional, Dalto celebra não apenas a música, mas quatro décadas de uma trajetória repleta de poesia, afeto e resistência artística. O cantor e compositor fluminense se relê com o projeto “Dalto Muito Estranho 4.0”, o primeiro registro ao vivo de sua carreira, gravado no Teatro Municipal de Niterói e que desdobra-se em disco, turnê e um especial para TV.


Aos 75 anos, pode-se dizer que Dalto é um cronista das relações urbanas. Para ele, o projeto não significa uma retomada, mas apenas mais um capítulo de uma caminhada que nunca cessou.


"Revisitar essas décadas de carreira ara, eu estou em 2025, eu nunca saí da onda. Eu estou sempre dentro dela. Música pra mim é uma coisa que vem em primeiro lugar há muito tempo", reafirmou.


No projeto audiovisual, Dalto propõe uma mistura de velhos companheiros com novos nomes da música brasileira. Marina Lima, Nico Rezende, Marvila, Biafra, Marco Sabino, Paulinho Moska, Milton Guedes e Serginho Moah foram as escolhas do artista.


“O critério foi afetivo. Todas as pessoas que eu escolhi eram pessoas com quem eu tinha uma relação, pessoas que eu gosto muito do trabalho delas, explicou.

A turnê Muito Estranho 4.0 já passou por palcos do Rio de Janeiro e de Belo Horizonte, e agora segue para Manaus e outras capitais. O disco será lançado aos poucos nas plataformas, com uma nova faixa chegando a cada 15 dias.


A primeira, “Anjo”, com Tico Santa Cruz e Milton Guedes, estreou no dia 10 de junho. Além dela, "Espelhos D'água", com Marvila e "Pessoa", com Marina Lima já estão disponíveis.



A história de “Muito Estranho”


Com 1,5 milhão de cópias vendidas em 1982, “Muito Estranho” consagrou Dalto como um dos grandes cronistas da música brasileira. A canção, que permaneceu um ano e meio no topo das paradas brasileiras, chegou ao primeiro lugar também em Portugal e Espanha e rendeu ao artista um registro no Guinness Book Brasil.


"Não há dúvida nenhuma que "Muito Estranho" é a minha música mais importante. Ela nasceu relax, num final de uma noite, de madrugada. Cheguei em casa e de manhã meu parceiro Cláudio Rabello esteve lá em casa e aí resolvemos fazer uma música falando sobre um casal. Essa música só me deixa feliz. E eu continuo gostando dela até hoje. Normalmente eu abandono depois de um certo tempo as canções, mas tem algumas músicas minhas que eu não consigo ficar longe delas muito tempo. Até porque nos shows eu sempre coloco essas músicas, e eu sou obrigado a colocar porque as pessoas gostam", conta.


E o presente na música?


Ainda que celebre o passado, Dalto não vive de nostalgia. Sua visão sobre o cenário atual é ao mesmo tempo crítica e bem-humorada. Para ele, o mercado perdeu profundidade, e a busca por validação digital sufoca a essência da criação.


"Tudo mudou. Antes da chegada da internet era bem diferente. Era mais legal. Mas a gente tem que se adaptar ao mundo que está acontecendo agora. Eu não sei nem entendo de mercado mais. Eu não entendo. Eu não sei se é difícil responder isso. As pessoas brigam para ter um like. Um like? Que falta de gosto. A ascensão da internet, embora democratize o acesso, também banaliza o valor da obra e de seus autores. Todo mundo se acha o máximo. Mas os autores, os compositores, todo mundo paga mal pra caramba", dispara.

Dalto segue à moda antiga, com um violão e um gravador. Apesar das transformações tecnológicas, incluindo o avanço da inteligência artificial na música, ele fiel ao seu processo artesanal.

“Hoje já tem até inteligência artificial que faz música pra você. Mas eu continuo com meu violãozinho que faz música pra mim. Ao invés de uma IA, eu tenho um violão. Contra tudo e contra toda essa indústria que não existe mais, esse mercado maluco que existe hoje, eu tô fazendo mais um disco. Isso me dá um prazer danado”, finalizou.

A voz de uma década

Mesmo após décadas de carreira e sucessos marcantes, Dalto ainda mantém com a potência de sua voz. Em meio a turnês e apresentações, ele percebe que continua atingindo tons altos com naturalidade, algo que muitos artistas da sua geração já não conseguem manter. Segundo ele, essa vitalidade vocal não é reflexo de cuidado. "Eu nunca cuidei bem da minha voz. Nunca fui assim cuidadoso. Aliás, eu sou um cara muito relaxado com a minha voz. Mas eu mantenho ainda, ainda canto as músicas nos mesmos tons. Engraçado que eu realmente, na hora de cantar, a minha voz vai bem para o agudo", explicou.


Da mesma forma que lida com sua voz, Dalto administra sua carreira sem se preocupar com os próximos passos. A ideia é seguir cantando, compondo e levando arte para as pessoas, assim como há quatro décadas.


"Eu vou deixando a vida me levar, entendeu? No caso, deixando a voz me levar, entendeu? Porque, cara, primeiro eu gosto de cantar pra caramba, segundo Deus me ajuda demais, né? Eu sou uma pessoa que acredito muito em Deus e eu gosto só de Deus mesmo pra me salvar, porque eu sou do tipo, eu fumo, eu tomo gelado pra caramba, eu não me cuido, mas eu sou talvez um pouco maluco o suficiente pra seguir a minha vida em frente, cara. Vou deixar a voz me levar", concluiu.



Saiba o que rola no mundo da música!

Você está inscrito!

  • Branca Ícone Spotify
  • Ícone do Facebook Branco
  • Ícone do Instagram Branco
logo_escrito.png

© 2024

bottom of page