Com roda de viola e emoção, Clube da Viola grava DVD comemorativo e mira nova geração
- Guilherme Moro
- há 16 horas
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Três décadas de história, paixão pela música sertaneja e pioneirismo na criação de um movimento que ajudou a redefenir o gênero no Brasil. Assim foi a tônica da gravação do audiovisual, que celebrou 30 anos do Clube da Viola, em Ribeirão Preto (SP), na noite fria da última terça-feira (15).

Fundado por Matheus Calil no início dos anos 1990, o Clube da Viola marcou época ao ser o ponto de encontro entre artistas, fãs e profissionais da música, quando o sertanejo ainda enfrentava resistência de algumas camadas sociais. Agora, a comemoração de 30 anos do projeto dá início a uma nova turnê que deve passar por ao menos 50 cidades.
“Quando criamos esse movimento, enfrentamos resistência. Mas sempre tivemos como lema o pioneirismo, andar à frente e gerar tendências. Hoje celebramos uma trajetória construída com amor e coragem”, afirmou Matheus Calil.

De movimento sertanejo a movimento nacional
O impacto do Clube da Viola extrapolou as fronteiras de Ribeirão Preto e virou escola para artistas e produtores. O projeto ajudou a moldar o que mais tarde seria chamado de sertanejo universitário.
“A Viola tocava em 5, 6, 8 cidades por final de semana. Viramos uma verdadeira universidade. Popularizamos o sertanejo em São Paulo, na Vila Country, na Estância Alto da Serra... fomos os primeiros a fazer isso com força na capital”, contou.
Na gravação do DVD, estiveram presentes Roby & Roger, Fred & Pedrito, Maurício & Marcelo e Guilherme & Gustavo, além de participações especiais de Lourenço & Lourival, Maria Cecília & Rofolfo, João Bosco & Vinícius, Guilherme & Benuto, Léo & Raphael e João Pedro & Cristiano.
Repertório escolhido com opiniões de todos
O novo projeto não traz apenas regravações. Músicas inéditas também fazem parte do repertório cuidadosamente trabalhado por todas as duplas envolvidas. O processo de curadoria envolveu sugestão, colaboração e troca constante entre os artistas.
“Cada um trouxe ideias. Às vezes uma música parecia boa para mim, mas combinava mais com o outro. Tivemos essa liberdade, essa troca. A energia que colocamos nesse projeto vai chegar para o público. Estamos prontos para entregar o nosso melhor”, garantiu Guilherme, visivelmente emocionado.

A gravação
Após longa introdução com Cuiabano Lima, Matheus Calil foi às lágrimas ao lembrar do início de sua carreira. Na sequência, o hino nacional brasilero foi executado em um arranjo de viola.
As duplas revisitaram sucessos dos CDs lançados nas décadas passadas, muitos deles em parceria com gravadoras como Warner, BMG e Atração , mas também incluíram composições inéditas, pensadas para dialogar com o público atual sem perder a essência da música de raiz.
Durante a gravação, outro momento marcante foi a roda de viola montada no palco. Sem painéis de LED ou grandes recursos visuais, a produção apostou no minimalismo e em um projeto de luzes aconchegante e bonito, priorizando a música acima de tudo. Enquanto uma dupla se apresentava, as demais permaneciam sentadas em bancos, assistindo, cantando junto e participando ativamente da atmosfera coletiva.

A simplicidade da cena reforçou a essência do projeto: intimidade, tradição e autenticidade.
Com a gravação do DVD e o anúncio de uma nova turnê que deve passar por ao menos 50 cidades, o Clube da Viola inicia mais década de existência reafirmando seu propósito de manter viva a história da música sertaneja com respeito às raízes e abertura ao novo. E, mais uma vez, tudo começa em Ribeirão Preto.