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Top 10: Os Melhores Álbuns Nacionais de 2022

O fim de ano chegou e com ele a nossa tão esperada lista dos 10 Melhores Álbuns Nacionais de 2022.



Essa é a segunda vez que eu, Guilherme Moro, editor do Blog Música Boa, realizo este ranking.


Antes de começarmos a falar sobre os escolhidos deste ano e os critérios avaliados para listar os álbuns, vale ressaltar que no ano passado os nossos 10 elegidos como melhores do ano foram os seguintes:

  1. "Nu" - Djonga

  2. "Vou Ter Que Me Virar" - Fresno

  3. "Em Carne Viva" - Zander

  4. "Gracinha" - Manu Gavassi

  5. "Chegamos Sozinhos em Casa" - Tuyo

  6. "Através Dos Tempos" - Biquini

  7. "Cor" - AnaVitória

  8. "Te Amo Lá Fora" - Duda Beat

  9. "Doce 22" - Luísa Sonza

  10. "35%" - Patroas

Agora que relembramos os principais álbuns de 2021, podemos falar sobre quais os critérios foram avaliados para enumerar a lista deste ano.


Em tempos em que os moldes da indústria fonográfica exigem que os álbuns sejam dilacerados em EP's e singles, há uma certa dificuldade por parte dos artistas conseguirem lançar de forma completa seus trabalhos.


Este fato faz com que as obras completas sejam priorizadas por artistas já consagrados e com uma base fiel de público estabelecida, além de artistas novos, que estão galgando seu espaço na cena em que estão atualmente.



Para isso, basta observar: artistas que estão no auge e precisam se manter no topo, respeitam mais as regras de mercado.


Avaliar a qualidade de um álbum não é tarefa fácil, principalmente pela mistura de ondas sonoras e gêneros que nossos ouvidos são acostumados a captar. Por isso, me atendei a 3 tópicos:


Impacto: o que este disco traz de novo para o mercado fonográfico? Se não traz novidades ao mundo da música, o que ele pode oferecer às pessoas? Qual mensagem é proliferada em suas letras? Estas são indagações que nos ajudaram a escolher os álbuns.


Produção: existem milhares de estúdios de primeiríssimo escalão e que oferecem estrutura mais do que ideal para gravação de um disco. Isso pode significar muita coisa, mas caso a mixagem do trabalho não fique legal, todo projeto pode ser colocado em risco. Por isso o fator produção foi de extrema importância para nossa avaliação.


Legado: o que essas músicas vão representar daqui há 10 anos? Como este disco será lembrado? Nenhum álbum que foi eleito como um dos melhores lançados em um ano deve ser descartado em um curto período de tempo.



Com tudo explicado, podemos iniciar nossa lista:


10º | "É Simples Assim" - Jorge & Mateus


Sem sombra de dúvidas, Jorge & Mateus mudaram o modo de se fazer música sertaneja no Brasil. No projeto gravado ao vivo e que inclui em sua grande maioria regravações de canções, não só do sertanejo, mas também de outros gêneros, a dupla resgatou suas raízes e os principais elementos que os levaram ao topo com os álbuns "Ao Vivo em Goiânia" e "O Mundo é Tão Pequeno", lançados em 2007 e 2009, respectivamente.


"É Simples Assim" afasta a dupla da sonoridade pop consagrada no álbum "Ao Vivo em Jurerê" e concebida pelo produtor Dudu Borges. Isso não significa que a dupla deu passos para trás, já que as regravações funcionam muito bem, dando nova cara à canções que estavam esquecidas no subconsciente do público.


Os pontos altos ficam com o hit "Todo Seu" e a regravação da extinta dupla Fred & Gustavo, "Então Valeu".


Talvez este seja o único citado nesta lista que possui fins comerciais como maior objetivo



9º | "Pra Gente Acordar" - Gilsons


Com trajetória meteórica e colocando o álbum de estreia na lista dos melhores do ano, o trio Gilsons é formado por, nada mais, nada menos que José Gil, Francisco Gil e João Gil, respectivamente filho e netos de Gilberto Gil.


A música de qualidade está no sangue e o trio embala o álbum com canções que tratam de temas do cotidiano e que possuem fortíssimas influências da música baiana, como não poderia ser diferente, claro.


O grupo já havia tido reconhecimento com o EP "Várias Queixas", lançado há três anos, mas nada comparado a proporção que tomou este último lançamento. Todo o alvoroço criado por público e mídia é mais do que merecido, já que o álbum possui momentos esperançosos e letras que buscam tranquilizar o ouvinte.


O auge do disco é a faixa "Voltar á Bahia", que guiada por um lindo quarteto de cordas, soa como uma saudosa prece ditada por um cidadão longe de casa.



8º | "Uma Bad, Uma Farra" - Di Ferrero


A estreia como cantor solo do ex-vocalista da saudosa NX Zero é um tanto quanto surpreendente. Uma das maiores dificuldades encontradas pelos artistas, é fazer com que um álbum tenha um processo conceitual bem definido.


"Uma Bad, Uma Farra" possui misturas de gêneros em um curto espaço de tempo, o que é a receita para o caos.


Na contramão do que foi dito acima, Di vai do Emo ao Indie Pop com maestria, provando toda sua versatilidade musical, que fica clara na última faixa: "Di Lema".


O álbum possui um conceito muito bem definido, tanto é que até mesmo a grafia do nome das faixas possui emojis, letras maíusculas, números e espaçamentos propositais, algo que não me agrada, confesso.


As participações especiais contribuem e agregam para os muitos momentos em que "Uma Bad, Uma Farra" transita, principalmente a de Badauí, que proporciona um feat já aguardado há muitos anos.


O álbum é um excelente pontapé inicial para o artista que pode flutuar por diversos estilos musicais. Não dúvido que nos próximos anos o cantor possa se aventurar pelo mercado pop.


7º | "Necropolítica" - Ratos de Porão


Este era o álbum que 2022 precisava. Um ano marcado por disseminação de ódio, polarização e mentiras, exigia que uma banda como o Ratos de Porão elaborasse letras denunciando todo o descaso com a democracia que houve no hiato que o grupo ficou sem entrar em estúdio para gravar um novo disco (8 anos).


João Gordo narra de forma didática o cenário caótico do país e o álbum realmente funciona como uma continuação do anterior "Século Sinistro' (2014), provando que de lá para cá poucas coisas mudaram.


A capa monumental, assim como todas as outras da discografia da banda, possui uma atmosfera que oprime o ouvinte, principalmente ao ouvir faixas como "Aglomeração" e "Entubado", que retratam as atrocidades cometidas pelo governo durante a pandemia de Covid-19.


"Necropolítica" é um álbum visceral e que precisava ser feito. Ele soa como um grito de socorro para o atual momento do país, assim como o álbum "Ponto Cego", lançado em 2019 pelo Dead Fish, denunciou o que estava acontecendo naquele ano.


6º | "Centelha" - Qinhones


O quinto álbum de estúdio do carioca Qinhones , anteriormente conhecido com Qinho, é praticamente um desabafo e um alerta sobre a atual situação da Cidade Maravilhosa. No entanto, se engana quem pensa que a obra se resume somente a isso, já que o artista flutua e permeia pelos aconcecimentos que marcam a história recente do Brasil de uma forma sútil.



Alberto Continentino tem uma grande parcela em torno do conceito bem definido do trabalho, já que ele foi responsável por arranjar todas as 10 faixas componentes.


O mais impactante de todo o álbum, sem sombra de dúvidas é a transição de "Atrito Inicial" para "Cidade Narciso", que sintetiza muito bem o dia a dia carioca e se assemelha muito à mensagem que trouxe Fernanda Abreu no lançamento de "Rio 40º".


Temas como masculinidade e política também foram abordados durante este trabalho que sem sobra de dúvidas, ficará marcado, mesmo longe do mainstream.



5º | "Gêmeos" - Terno Rei


Antes conhecidos como um grupo limitado a criações envolvendo música alternativa, o Terno Rei mostrou que quer e pode mais com o lançamento deste disco, que trouxe uma linguagem mais pop à banda que possui uma consíderavel base de fãs e havia ameaçado a proximidade com um conceito mais popular em 2016.


Mas não se engane: este álbum ainda mantém as características marcantes da banda, como letras que colocam o personagem principal em um estado vulnerável e que se tornam ainda mais profundas com o tema focado no isolamento social causado pela pandemia.


Apesar de tudo, o disco soa mais otimista e possui arranjos incríveis e extremamente trabalhados pela banda, que manteve um grande capricho em todos os detalhes.


4º | "O Dono do Lugar" - Djonga


Conhecido por suas capas marcantes e letras chocantes, Djonga se aventura em mais um álbum, onde trata sobre seu dia a dia como um astro do rap e do hip hop, trazendo uma perspectiva diferente de "Nu", lançado no ano passado.


"O Dono do Lugar" possui letras mais tranquilas e que saem de temas sociais em alguns momentos, mas sem sombra de dúvidas os mais relevantes pontos do disco são nas faixas "Dom Quixote", em que retrata a pressão da indústria fonográfica em torno do artista e "Conversa Com Uma Menina Branca", um rap triste de se ouvir, mas que retrata a realidade.


Djonga atingiu sua maturidade musical neste trabalho, que possui produção de nível extremamente alto e que cumpre um papel social extremamente importante.


3º | "Flow da Pele" - Kayode


Kayode apresenta seu álbum de estreia provando que tem muito a dizer e focando em temas importantes. Em "Flow da Pele", o jovem desafia as regras do sistema e principalmente seus próprios limites.


O álbum aborda acestralidade, mas também foca em problemas como a violência policial e o racismo estrutural.



O processo pessoal que o Kayode passou para realizar a composição deste álbum, que durou quase dois anos, foram de suma importância para que ele ocupasse o top 3 da nossa lista.


Antes do lançamento de "Flow da Pele", que possui sonoridade swingada e dançante em algumas faixas, o artista criado nas periferias de São Paulo surpreendeu a todos com o “Podcast” e “Pedra da Memória, dois singles que se transformaram em um curta metragem de oito minutos.


“Flow da Pele” é um marco por resgatar a essência lírica do rap nacional e também do posicionamento, não só nos versos como visual.



2º | "Sim, Sim, Sim" - Bala Desejo


A ascendência deste conjunto musical deixou pessoas que pouco acompanham as novidades do mercado completamente perdidas. Isso porque o grupo formado por amigos do colégio se destacou com sua sonoridade tropicalista e setentista, trazendo ares de nostalgia ao ouvinte.


A estética conceitual que remete ao passado não deixa o disco datado, muito pelo contrário, o frescor jovial trazido pelas faixas que tratam dos assuntos pertinentes e caóticos da atual sociedade, funcionam muito bem e colocam este disco no pódio da nossa lista.


O álbum nasceu através de uma imersão do grupo em um sítio de Minas Gerais, utilizando do modus operandi aplicado pelos Novos Baianos em seus álbuns lançados nos anos 70.


O grande destaque fica por conta da mais viral das faixas apresentadas no álbum: "Baile Das Máscaras", que apresenta uma marcação de baixo fenomenal e vocais contrastados.


1º | "Sobre Viver" - Criolo


A cara do Brasil de 2022 é refletida nas letras de "Sobre Viver", álbum que traz Criolo de volta ao Rap. O dolorido processo criativo do artista, que perdeu sua irmã para a Covid-19, apresenta tons de realidade extremamente paúpaveis, principalmente quando aborda o dia a dia periférico do Brasil.


Os destaques são tantos que é impossível citar somente uma faixa: , "Diário do Kaos"canção responsável por abrir o disco, traz um vocal emotivo do rapper, enquanto a participação de Milton Nascimento em "Me Corte na Boca do Céu a Morte Não Pede Perdão" eleva o trabalho a um escalão lendário. Mas sem dúvidas, o momento mais especial é a faixa "Pequenina", uma homenagem à sua irmã, que o artista contou com as colaborações de MC Hariel, Liniker e sua mãe, Maria Vilani.


"Sobre Viver" trata sobre medo, angústia, anseio, tristeza, mas principalmente, de esperança. Por tudo isso, merecidamente ocupa nossa primeira colocação.






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