Com a morte de Luiz Schiavon, um dos músicos mais revolucionários que este país já viu, se repete a história de pessoas que foram amigas e nunca mais se falaram.
Se Paulo Ricardo e Schiavon soubessem que naquele verão de 1979, ano que se conheceram, tempos mais tarde mudariam o panorama da música no Brasil, com certeza desfrutariam do momento com mais calma.
A entrosada dupla se tornou amiga, mais do que isso, se tornou sócia de um projeto ainda inexistente, que anos depois se tornaria o RPM. Quando Paulo, ainda em seus anos como jornalista, foi para Londres cobrir música, os dois trocavam cartas criando o que viria a ser a banda que revolucionaria toda uma década em muito pouco tempo.
Os anos passaram, brigas vieram, laços foram reatados e outra vez, desavenças, processos e, mais do que isso, um clima de inimizade, se é que essa palavra é possível ser colocada diante de uma história com tanta raiz.
Este triste desfecho da amizade de uma das parcerias mais frutíferas da música brasileira é muito parecido com a história de André Matos e Rafael Bittencourt do Angra, que ficaram 20 anos sem se falar e nunca mais puderam se entender após a morte do vocalista em 2019.
Todas as batalhas judiciais, os desentendimentos, as brigas de direcionamento artístico não fazem mais sentido. Os momentos bons ficam, como o recorde de vendas de um álbum do rock nacional com "Rádio Pirata Ao Vivo" em 1986, a marcante volta em 2002 e os diversos shows e canções que ao longo dos anos fizeram juntos.
O emotivo e bonito texto publicado por Paulo Ricardo diz muito sobre o momento. Vale a reflexão, se vale a pena colocar a patente de uma marca ou até mesmo uma disputa de egos acima de uma parceria, que poderia ter terminado com mais dignidade.
O poder do perdão é inabalável
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