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Foto do escritorGuilherme Moro

Entrevista: Roberto Gava lança Bertolt Brecht com convidados especiais

Com participações de Zezé Motta, Carlos Careqa, Skowa, Virginie Boutaud, Gereba Barreto, Nina Ximenes, Camila Costa e Ana Lee, Roberto Gava lançou há uma semana o álbum "Bertolt Brecht". Disponível nas principais plataformas digitais, o disco conta com 15 faixas, musicadas a partir de alguns dos poemas do escritor e dramaturgo alemão Bertolt Brecht, traduzidos por André Vallias, que ganhou o prêmio Jabuti com a obra.



Com influências do Jazz do início do século XX, da música erudita, do psicodelismo dos anos 60 e principalmente do Tropicalismo, Roberto ganhou o prêmio Rumos Itaú Cultural de 2012, numa homenagem a Rogério Duprat. O homenageando da vez é Bertolt Brecht. Roberto contou como nasceu o projeto e a ideia de prestigiar a obra do renomado poeta.


“O trabalho nasceu por acaso. Curiosamente não fiz nenhum tipo de pesquisa sobre autores, poetas ou escritores. Foi como num passe de mágica que caiu em minhas mãos um livro de poemas de Bertolt Brecht, traduzido para o português por André Vallias. Ao me deparar com sua poesia de forma mais abrangente, meus olhos brilharam e percebi que esse era o momento de criar um trabalho musical revisitando a poesia do dramaturgo. Achei que valeria a pena trazer o revolucionário Bertolt à tona e dar voz a sua arte”, comenta.


Além de compor e interpretar as canções, Roberto Gava fez os arranjos, tocou diversos instrumentos, mixou e masterizou o álbum. Diferente das canções de cabaré de Kurt Weill, que se notabilizou por musicar Bertolt Brecht, as músicas de Gava sobre os poemas do dramaturgo nasceram com influências do Jazz do início do século XX, do tropicalismo, da música erudita, da música brasileira e do psicodelismo dos anos 60.


“Tive que mergulhar a fundo nos poemas, como se fossem meus, construindo uma relação íntima com a obra. Partindo disso, musicá-los não foi difícil. As canções foram construídas de acordo com meu estilo, pensando no que cada poesia queria dizer e tudo nasceu de forma muito natural e única”, conta Roberto.





O projeto foi desenvolvido durante a pandemia de Covid-19 e todos os músicos gravaram de forma isolada, cada um do seu jeito, em suas casas em diversas partes do Brasil e do mundo. Gava explica que os convites para os artistas que participaram do disco foram pensados de acordo com as canções.


"A partir do resultado de cada canção, pensei em artistas que mais se encaixavam com cada música. Por exemplo: chamei o Skowa para cantar um Soul, que tinha super a ver com ele, a Virginie Boutaud participou de uma balada com levada jazzística e uma canção mais vanguardista, a Zezé Motta cantou um tango com uma pegada mais teatral, o Gereba Barreto refez o arranjo que tinha mandado para ele e transformou a canção num Rock meio nordestino, que ficou com a cara dele, e por aí foi. Cada artista deu um toque de si, abrindo minha canção e a poesia do Brecht para outras esferas, resultando em um trabalho bastante especial. Além disso, grandes músicos de várias partes do Brasil e do mundo também participaram, ajudando na unidade sonora do resultado final. Foi montada uma pequena orquestra, com cordas, madeiras, metais, somados a piano, baixo, bateria, guitarra e outros instrumentos, cada um gravando de forma isolada em sua casa, devido à pandemia”, falou.


Perguntado se alguma música do álbum poderia ser destacada das demais, Roberto finaliza:


“É difícil destacar, pois o álbum funciona como um todo. Cada canção tem sua peculiaridade e todas elas, musicalmente falando, mostram um pouco do ecletismo que possuo. No álbum você encontra desde música de cabaré, que é a marca de Brecht na música através das canções de Kurt Weill, até Rock, Jazz, MPB e World Music. E o mais legal de tudo isso, é que ouvindo o álbum na sequência, apesar de toda essa variedade entre as canções, acredito que o trabalho funcione no conjunto, sem nada que se destoe da obra”.

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