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  • Foto do escritorGuilherme Moro

Entrevista: Qinhones lança álbum denso, necessário e crítico ao Rio de Janeiro

Na última sexta-feira (14/10), o cantor e compositor Qinhones lança o álbum

“Centelha” em todas as plataformas digitais pelo selo LAB 344.



O músico embarca em uma jornada rumo ao seu 5º trabalho inédito, unindo participações especiais de Bebé Salvego e Silvia Machete. O álbum retrata a realidade do Rio de Janeiro e do Brasil sem qualquer filtro ou distorção de realidade, mostrando um cenário cruel e devastado.


Se podemos usufruir de um disco conceitual, com ótimas melodias e estética muito bem definida, devemos muito a Alberto Continentino, já que ele fo o responsável por dar música às letras escritas por Qinhones, em um processo que começou há cerca de 4 anos.


"Eu comecei a escrever esse álbum em 2018, quando o clima do país já se desenhava para a forma que está agora. Foi somente com o Alberto Continentino, que compôs as dez músicas junto comigo, que elas ganharam melodias. O Alberto deu um show no arranjamento e eu me intrometi muito pouco neste processo dele. Ele foi fundamental, porque antes eu não estava conseguindo musicar essas letras, pois elas tratam de temas densos. É diferente de colocar melodias em canções de amor por exemplo, revela Qinhones.


O artista já disponibilizou nas plataformas digitais dois singles do novo álbum:

“O Rio Continua Rindo”, um samba-rock de groove funkeado com letra que

dissimula entre exaltação ufanista e crítica ácida à cidade do Rio de Janeiro. E “Água Salgada”, uma balada carnal que exala sensualidade e se ampara em referências gringas como Herbie Hancock e Teddy Pendergrass. Na canção, o artista recebe uma das

vozes mais promissoras da atualidade, a cantora Bebé Salvego, ou apenas:

Bebé.


"O Rio não continua lindo e ninguém consegue perceber isso. 'Cidade Narciso' fala sobre isso, aborda o mito inserido na cidade. O Rio é um lugar que você não pode andar onde você quiser e nem na hora que bem entender. É um local perigoso. A música expõe isso e ela representa outras como 'Aquele Abraço' e 'Rio 40º'. As pessoas não conseguem adimitir isso. Precisamos abrir os olhos", afirma o cantor.


Foto: Filipe Marones

O disco tem produção musical de Alberto Continentino, pós-produção e

mixagem por Dudinha e masterização de Ricardo Garcia. A gravação contou

com os músicos Vitor Cabral (bateria), Alberto Continentino (baixo, violão,

guitarra e sintetizadores), Danilo Andrade (Wurlitzer, Clavinet, sintetizadores,

piano CP70 e hammond), André Siqueira (congas, xequerê, shakes, tamborim,

cuíca pandeirola, garrafas e efeitos), Diogo Gomes e Marlon Sette (trompetes)

e Jorge Continentino (saxofones).


Ele falou sobre a estranheza de se lançar um disco em periodo turbulento como este:


"As pessoas me perguntavam: você vai lançar um álbum em período eleitoral? Eu nem sabia que haveria segundo turno, mas acabou coincidido e eu acho que super importante levar essa mensagem em um momento decisivo como esse".



Qinhones é figura conhecida na cena de música do Rio de Janeiro, desde os

anos 2000. Antes, conhecido como Qinho, lançou os álbuns “Canduras” (2009),

“O Tempo Soa” (2012), com as participações de Mart’nália, Elba Ramalho,

Botika e Amora Pêra, “Ímpar” (2015) e “Qinho Canta Marina” (2018), onde

abordou as canções de Marina Lima com grande destaque, além do EP “Gota”

(2021), com a participação de Mahmundi. Também atuou como produtor

musical em “Amor Geral” (sob o codinome T.R.U.E.), o mais recente disco da

cantora Fernanda Abreu.


"Sem dúvidas é o meu álbum com o conceito mais definido. Os outros tinham mais a característica de unir músicas. Desde o início, quando o projeto foi criando forma, eu e o Alberto sentimos que isso teria que virar um álbum. Além disso, foi a produção mais primorosa de todos, porque os meus discos anteriores tinham mais características de 'fazer na raça'. Apesar de tudo, eu enxergo um pouco de todos os meus outros álbuns nesse. Chega a ser engraçado".



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