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  • Foto do escritorGuilherme Moro

Entrevista: Mú Carvalho fala sobre novo álbum e carreira profissional

Caetano Veloso é sem sombras de dúvidas um dos maiores artistas da história da música popular brasileira. O baiano já foi homenageado diversas vezes pelo mundo afora, seus mais de 50 anos de carreira. Uma dessas homenagens foi feita recentemente, pelo também ícone da música brasileira, Mú Carvalho, eterno tecladista do grupo A Cor do Som.



O músico lançou o álbum “Trem das Cores”, que traz clássicos de Caetano em uma nova perspectiva musical e totalmente instrumental. Além de simbolizar os 80 anos de Caetano Veloso, o álbum busca retribuir o carinho que o ícone sempre teve com A Cor do Som


“Foi uma ideia que surgiu no meio da pandemia. Estavam naqueles primeiros meses que ninguém saía de casa e eu comecei a pensar em quantas músicas eu estava me devendo pra parar e tocar direito, não só do Caetano, mas de artistas que eu gosto. Aquelas músicas que eu não passava do quinto compasso. A pandemia me obrigou a mergulhar nelas e, com isso, entrou o Caetano na jogada e eu desde pequeno sempre fui muito fã. Tenho todos os discos e no final dos anos 70 tive a felicidade e a honra de trabalhar com ele, junto com o A Cor do Som, no filme “A Dama do Lotação", com a música “Pecado Original”, que é um choro lindo e tem uma harmonia maravilhosa. Foi ali que eu comecei a ter um contato da música com a dramaturgia, que se tornou um dos maiores trabalhos da minha vida. Nessa de colocar nos dedos algumas músicas de Caetano, quando me dei por conta eu já tinha a metade de um disco e estava rolando muito. Foi aí que eu vi que estava nascendo um repertório de disco instrumental. Eu comecei a peneirar as músicas que, para mim, faziam mais sentido e que eu pudesse levar para uma outra onda, de uma forma interessante. Em 2021, em comecei a de fato preparar o disco, escrever os arranjos, fui para o estúdio e convidei os músicos que eu já conheço. Foi uma delícia gravar o disco”, falou Mú.


Como ele mesmo disse, o álbum foi gravado com a mesma banda que Mú gravou “Alegrias de quintal", seu álbum anterior, lançado em julho de 2021. Entraram em estúdio, os músicos Lancaster Lopes (baixo), Júlio Raposo (guitarra) e Pedro Mamede (bateria). Esse quarteto bem entrosado, jogando por música, ainda recebe o percussionista Sidinho Moreira em quatro temas e o violoncelista Jaques Morelenbaum em três. Enquanto na faixa que dá partida à jornada, "Alegria, alegria", um naipe de sopros formado por Marlon Sette (trombone), Diogo Gomes (trompete) e Jorge Continentino (sax) pinta com tons mais fortes uma das canções fundadoras da Tropicália.



Caçula de uma família muito musical, até os 15 anos, Maurício Magalhães de Carvalho pensava em fazer Artes Plásticas. Mas, acabou sequestrado pelo piano e pelos temas clássicos tocados por sua mãe, Dona Flavita. O baixista Dadi, cinco anos mais velho, e mais dois saudosos irmãos, a pesquisadora de MPB Heloísa Tapajós e o produtor musical Sérgio Carvalho, também reforçaram essa paixão. Aos 16, Mú estreou no grupo Semente, ao lado de Cláudio Nucci, Cláudio Infante e Zé Luiz. Em seguida, junto a Dadi, fez parte das bandas de Jorge Ben e Moraes Moreira. No primeiro álbum solo de Moraes, nasceu A Cor do Som, que estreou em 1976 e, após idas e vindas, tem se mantido com toda a força e a sua formação original no século 21.


“A Cor do Som está sempre disponível para fazer shows, mas é diferente daquela época, final dos anos 70 e início dos anos 80, em que éramos totalmente focados na banda. Hoje cada um tem uma vida paralela e profissional, mas estamos sempre abertos para fazer shows. Nosso último álbum (‘Álbum Rosa’) ganhou um Grammy e temos tudo para rodar aquele circuito de jazz da Europa. Tenho muito interesse nisso. O que está rolando no Brasil está muito distante da música que fazemos, então minha cabeça está mais para fora, mas sempre que nos juntamos para fazer os shows, seja em qualquer lugar, a química rola muito”.


Mú ainda tem em seu currículo dezenas de trilhas sonoras para o cinema e para a TV. Contratado pela Rede Globo em 1994, é compositor e produtor das trilhas de muitas novelas e séries, incluindo a música original de “Um lugar ao sol”, a produção das 21 horas em exibição quando esse "Trem Das Cores" de Mú chega ao streaming.


“Eu já vinha trabalhando para a Globo através do meu irmão, Sérgio Carvalho, que trabalhava para a TV Globo na época. Em 94 eu recebi o convite para voltar ao mercado fonográfico, assumindo a direção artística da BMG Ariola e meu irmão falou de mim para o diretor da Globo que estava saindo e me indicou para o cargo. Fui admitido assinando um contrato de poucos meses e acabou por ser uma parceria de 28 anos. Meu último contrato acabou em dezembro de 2021 e agora é uma nova etapa da minha vida. Aprendi muito colocando a mão na massa nessa linguagem dramatúrgica."

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