Quando se fala em artistas verdadeiramente completos no Brasil, vários podem vir à cabeça. Muitos deles, atores e cantores. Claudio Lins é um destes raros talentos. Não seria por menos, o carioca de 48 anos é fruto do casamento entre Ivan Lins e Lucinha Lins, que dispensam comentários, sendo Lucinha, assim como o filho, atriz e cantora.
Não bastassem todas essas habilidades, durante a pandemia Cláudio se tornou apresentador da live Ziriguidum, festival que reúne artistas consagrados e grandes promessas da música brasileira. Somente neste ano foram 23 edições realizadas, sendo a última de 2021 exibida no último sábado (6).
“A gente faz esse festival com muito carinho. Existe sempre a expectativa de criar um programa musical muito agradável e que conte histórias da nossa cultura musical brasileira, sempre apresentando artistas novos e já consagrados. A gente não esperava que esse festival fosse tão longe, porque a gente também não esperava que a pandemia fosse tão longe. Quando a gente criou o Ziriguidum, pensamos em fazer somente em um fim de semana. O tempo foi passando e nós fomos continuando. Nos primeiros dois meses nós fizemos o Ziriguidum todo fim de semana (risos). A gente sempre achava que na semana seguinte ia passar. Quando a gente viu que a coisa não ia passar tão cedo a gente começou a espaçar os festivais. Com o tempo a gente foi tematizando o Ziriguidum e fazendo com mais tranquilidade e prazer”.
Como ator, Cláudio performou em diversos trabalhos, desde teatro até novelas televisivas. Um dos mais notórios trabalhos do intérprete foi vivendo o Major José Guerra, na trama Amor e Revolução, exibida em 2011 pelo SBT. A novela retratava os anos de chumbo (período que perdurou a ditadura militar no Brasil) com ares de Romeu e Julieta.
“Olha, sem dúvida foi uma novela pioneira em certo aspecto. Agora seria uma boa hora para essa novela ser feita, ou até para o SBT reprisa-la. Ela tinha uma coisa muito legal, que eram os depoimentos das pessoas que vivenciaram aquela época. Infelizmente isso só durou até metade da novela. O SBT resolveu não investir mais nesses depoimentos que são históricos. Eu curtia muito. Eu achava que elas eram realmente muito importantes. A novela teve questões de aceitação e de produção também. Talvez a novela tenha acontecido em uma hora que a gente não precisasse tanto dela, se bem que a arte não tem essa obrigação”, comenta Cláudio.
Ser um artista multifunções tem lá suas vantagens e desvantagens. Se dividir em diversas áreas de atuação no mundo das artes não é tarefa fácil. Cláudio contou como se divide entre esses dois polos:
“Eu tive dificuldade em algum momento da minha vida de me resolver nessa questão de ser cantor e ator. Eu me senti muito dividido. Depois de algum tempo e vários anos de terapia, eu percebi que sou artista e essas são minhas formas de expressão. Quando eu juntei as duas coisas foi um alívio. Hoje em dia o cantor não luta com o ator e vice-versa. Na verdade eles se juntam pra tocar o barco. Lógico que quando faço um show o cantor está mais em evidência e se estou fazendo uma peça de teatro o ator está mais presente. Um ajuda o outro, então prefiro pensar que sou um artista só e essas são minhas formas de expressão”.
"Cair e Chegar", faixa do álbum "Cara", lançado por Claudio em 2009, pelo selo Biscoito Fino
Claro que um artista que abrange tantas vertentes, tem diversos projetos a serem realizados. Claudio falou sobre suas próximas empreitadas:
“Nesse momento eu estou ensaiando um musical chamado “Copacabana Palace, O Musical”, que deve estrear em dezembro. Esse musical vai reinaugurar o teatro do Copacabana Palace, olha só que bacana. É um teatro que já existia e estava fechado há 30 anos. Tenho um projeto solo com músicas inéditas, que é sempre mais difícil de tocar né, cara? Todo mundo quer ouvir o que já existe (risos). Eu continuo fazendo meu show eu homenagem ao Chico Buarque e no ano que vem eu devo voltar com a peça “Monstros”, uma produção minha de 2019”.
Entrevista deliciosa!
Orgulho de ser fã deste multi artista