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  • Foto do escritorGuilherme Moro

Entrevista: Astrônico apresenta sonoridade do rock cósmico no EP de estreia "Infraluzes"

Atualizado: 13 de jan. de 2023

O rock alternativo autoral possui ótimos representantes no interior de São Paulo. Uma das provas disso é a banda Astrônico, que surpreende com o seu ótimo EP de estreia, intitulado "Infraluzes".



A banda de Ribeirão Preto é formada por Orlando Miotto (vocalista e guitarrista), Pedro Borda (baixista e vocalista), Leandro Trevizani (guitarrista) e Hugo Luque (baterista) e faz uma mistura de pop rock, indie e música alternativa.


Todos esses elementos sonoros são unificados em um único gênero, criado pelos próprios integrantes, para caracterizar o sonoridade do grupo: o rock cósmico.


"Sempre me atraiu muito a ideia do céu estrelado enquanto essa paisagem que combina pontos luminosos com a escuridão total. Penso que as músicas do nosso EP passam muito por esse cenário. Boa parte do nosso 'rock cósmico' tem a ver com esse som brilhante que ecoa ao mesmo tempo que carrega letras mais melancólicas. Como os astronautas, nós também estamos descobrindo nosso universo musical, com seus próprios planetas, constelações e galáxias. O próprio título do EP, 'Infraluzes', é uma brincadeira com essa estética, porque trata justamente dessas luzes que existem, mas ao mesmo tempo seriam invisíveis aos nossos olhos e isso parece traduzir bem a essência do sentimento do rock cósmico. Além disso, claro, também uma brincadeira com o próprio nome da banda, que tem essa coisa espacial", afirma o baixista e vocalista Pedro Borda.



A Astrônico completa um ano neste mês de janeiro e muito antes de entrarem no estúdio Vira Disco para gravação do primeiro trabalho, os membros permeavam por outros projetos musicais. Em determinado momento, se desencontraram e, com um reencontro daqueles que só a música pode proporcionar, se firmaram de vez para unir pensamentos, conceitos e acordes musicais.


"Eu e o Pedro estudamos juntos na infância e na adolescência e quando a gente estava na faixa dos 14 anos nos apaixonamos por música. Ele decidiu aprender baixo por conta própria e eu já tocava bateria há uns anos. Foi quando criamos a banda Gramofone e Nave Mãe. Chamamos o Leandro, um dos nossos guitarristas de hoje, para tocar. Ele saiu, a banda continuou e a gente até lançou um EP, em 2015, o qual não recomendo ouvir (risos). Em 2017, o Pedro acabou deixando a banda porque tivemos algumas diferenças, então conheci o Orlando e ele entrou para a banda. O projeto do Gramofone foi morrendo aos poucos durante a pandemia e, no fim de 2021, eu e o Pedro nos reaproximamos de vez. Aí entra a história engraçada, porque nós estávamos bebendo em janeiro do ano passado e eu já pensava há algumas semanas em voltar a tocar. A coragem pra dar a ideia só veio depois de alguns copos e, em seguida, chamei o Orlando. Meses depois, o Leandro também entrou e estava formada a Astrônico", conta Hugo Luque.


Apesar de completar o repertório de apresentações com covers de bandas como Oasis, Red Hot Chilli Peppers, The Beatles e outras referências, a trupe dá total prioridade ao repertório autoral.


"Temos alguns covers no repertório, mas a meta é viver do que a gente cria", finaliza o baterista.



As temáticas das letras abordadas no EP passam por sentimentos como amor, alegria e tristeza, mostrando a verdade e visão de cada compositor. O destaque fica por conta de "Ingressos Esgotados", que mescla o ritmo agitado com uma história romântica contada sob uma narrativa alucinante.


Sobre o processo de composição, Luque comenta:


"As composições do nosso EP fluíram de formas variadas. 'Nuvens de Fumaça', 'Reflexão' e 'Desconsertar' são composições do Orlando e, quando o Pedro entrou e começamos o projeto, já estavam praticamente prontas. 'Meia-Bomba' é a minha única composição no EP e talvez seja a com processo mais curioso. Como eu não sei tocar outros instrumentos além da bateria, uni a letra com uma melodia feita com a boca mesmo. Gravei um áudio e mandei pro Orlando, perguntando se existia alguma forma de fazer aquilo na guitarra. Em minutos, ele me devolveu o áudio do que acabou se tornando o riff inicial. De toda forma, ainda

estamos descobrindo nosso processo e a forma mais produtiva de compor".



Em um "evento único pra todo mundo ver", eles lançaram o EP no restaurante Palacete 1922, com direito a venda do EP em formato físico, algo raro em tempos de plataformas streaming e música digital.


O grupo mostrou que o lançamento em CD pode ser uma ótima alternativa para bandas independentes, não só pelos aspectos vanguardista e romântico, mas também como uma ótima alternativa de lucro.


"Todos nós gostamos de CD's, do que eles representam e do todo o aspecto colecionador da coisa toda. Agora outro fator muito importante, foi a questão da força financeira. Com os CD's, nós conseguimos pagar toda a gravação do EP. Foram mais de 150 unidades vendidas em shows e até mesmo on-line. Mesmo assim, claro, estamos em todas as plataformas, como Spotify, Deezer, walkman, radinho de pilha etc".



Ribeirão Preto, apesar de ter fortes laços com a música regional sertaneja, é uma cidade que possui ótimas bandas independentes e entre elas a Distúrbio Mental é uma das mais notáveis dentro do cenário punk em nível nacional.


Apesar disso, poucas casas abrem espaço para os artistas tocarem canções autorais, fazendo com que as bandas que se apresentem na região, foquem seu repertório somente em tributos e covers.


"Percebemos que existe, sim, dificuldade pra encontrar um espaço em Ribeirão. Muitas vezes os lugares disponíveis pra tocar são restaurantes que estão interessados principalmente em covers, sobrando pouco espaço pro som autoral. Mas ao mesmo tempo a gente percebeu que nos lugares onde há espaço pra esse som próprio, a cena é super acolhedora, onde as pessoas e os estabelecimentos envolvidos sempre estiveram 100% dispostos a nos apoiar e nos ajudar a fazer o sonho acontecer", enfatiza o guitarrista Orlando.



A Astrônico é um grupo alternativo, mas que possui sonoridade que não causa estranheza aos ouvidos acostumados somente como que é considerado mainstream.


Com as estéticas visuais e sonoras do rock em alta, não será nada surpreendente ver o grupo alcançando voos maiores em um futuro próximo.


"Ficamos muito felizes ao ver bandas de rock novas e com propostas diferentes fazendo sucesso no mainstream. Isso nos dá esperança de também ocupar um lugar de destaque com o nosso próprio som. Acreditamos que a Astrônico tem a capacidade de atingir o novo público de rock, pois estamos sempre buscando fazer algo novo e diferenciado, mas que seja também acessível ao grande público", finaliza Miotto.

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