Um lançamento da Paula Fernandes sempre atrai ouvidos atentos daqueles que apreciam a boa música sertaneja. Seja pelo legado construído pela cantora ou até mesmo pela curiosidade de saber seus próximos passos, já que a artista tem feito uma espécie de readaptação de sua sonoridade em seus últimos trabalhos, começando pelo single "Promessinha" em 2021.
Agora, a mineira chega com a primeira parte do EP "Qual Amor Te Faz Feliz?", disponibilizado nesta quinta-feira (14), com seis faixas inéditas, marcando seu primeiro trabalho pelo selo Virgin Music, braço da Universal Music, gravadora que a acompanha desde o auge da sua carreira.
O nome do álbum, por ser uma pergunta, sugere ao ouvinte que a resposta necessariamente está no decorrer das canções, o que realmente acontece. Nas músicas do projeto, Paula Fernandes deixa uma variação diferente do que entende por amor. Em "Anota Aí", ela canta sobre um amor despedaçado e se coloca como controladora da situação, já na faixa seguinte, "Me Afoguei", os papéis se invertem.
Já nas sonoridades, a artista vai dos arranjos que consagraram o sertanejo no início da década de 2000, inclusive resgatando o lap steel, instrumento musical muito utilizado no country, ao som pop que artistas como Jorge & Mateus e Maheus & Kauan têm se apropriado nos últimos anos. Os arranjos de cordas também merecem destaque, principalmente em "Fé No Amor".
Em coletiva de imprensa cedida na última quarta-feira (12), Paula falou, entre muitos assuntos, sobre a nova fase que tem vivenciado nos últimos anos de sua carreira.
"É uma mudança está acontecendo de dentro para fora. Eu acho que maturidade é a palavra certa. Amor próprio é uma frase que diz muito sobre a forma que vou observar o que acontece ao meu redor. O projeto todo fala do cotidiano, de histórias de pessoas que resolveram ser só, daquela pessoa que ainda está sofrendo de amor, ou daquele que fez uma má escolha", explica a cantora.
Compositora de sucessos como "Eu Sem Você", "Jeito de Mato", "Meu Eu Em Você" e "Pássaro de Fogo", em um projeto tão autoral como este, não poderiam faltar faixas escritas pela própria. "Anota Aí", parceria de Paula Fernandes com Vinicius, Yago Vidal e Anderson Toledo, ganhou um videoclipe, já disponível no YouTube.
Já com a carreira estabilizada, este lançamento prova que a cantora não precisa se render aos algoritmos das plataformas digitais, que obrigam o artista a produzir trabalhos em períodos extremamente curtos.
"Eu ando na contramão desse sistema que obriga a você ter que lançar tantos projetos por ano. Acredito muito no fluir das coisas e, como compositora, eu não posso me obrigar a fazer determinada coisa porque o mercado está pedindo", afirmou.
Paula Fernandes é uma das principais artistas da atualidade, acumulando números importantes e colecionando recordes. Com mais de 2,4 bilhões de streaming nas plataformas de áudio e dois prêmios Grammy Latino, a cantora se destaca no cenário musical brasileiro e internacional, cantando ao lado de grandes nomes como o colombiano Juanes, o ícone do pop Taylor Swift e a referência do country Shania Twain.
Segundo dados das empresas de monitoramento Crowley e Connectmix, no primeiro semestre de 2023, das cinco músicas mais tocadas em rádios, três eram de mulheres que cantam sertanejo. Foram elas: "Leão" - Marília Mendonça", "Erro Gostoso" - Simone Mendes e "A Culpa é Nossa" - Maiara & Maraísa.
Dados como este eram impensáveis em 2011, ano que Paula lançou seu álbum "Ao Vivo, considerado um dos mais emblemáticos de sua carreira. Naquele ano, entre as 100 mais tocadas, só havia a artista representando as cantoras sertanejas no ranking, com as músicas "Não Precisa" e "Pra Você", sendo esta última, a mais tocada daquele ano.
Em resposta ao Música Boa durante a coletiva, Paula falou sobre as mulheres no sertanejo de forma e geral e apontou que ainda faltam mais rostos femininos nas principais festas do país.
"Estamos em uma crescente. Portas foram abertas há alguns anos e ajudei a abrir algumas. Em seguida vieram tantas potências, como a nossa querida Marília, Maiara & Maraisa, Simone, que hoje está sem a Simaria, e tantas outras. Acho que o mercado melhorou um pouco sim, porque a mulher está se empoderando e lutando pelo seu direito de igualdade. Acho que as grades de shows ainda continuam majoritariamente masculinas, e eu sinto falta de ver alguns rostinhos femininos lá nos outdoors que eu passo viajando pelo Brasil inteiro. Quando eu comecei a construir algo, eu não construí só para mim. Eu venci muitas barreiras para encorajar outras pessoas também. Talvez tenha sido de uma forma silenciosa, mas como acho que tem tempo pra tudo e tá em tempo, eu tô aqui em nome das mulheres, lutando por um direito nosso de estar nas grades de grandes shows, grandes eventos, e ter o direito de igualdade, porque somos poderosas, porque somos capazes e talentosas", declarou.
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