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  • Foto do escritorGuilherme Moro

Uma vida em capítulos e sons: Nico Antonio e os Filhos do Mar (SP) lançam o EP "Presas"

Mulher, vivência e corpo de luta. Como entender a melhor via para contar a história de uma vida? Desbravar sobre um caminho em capítulos pode desnudar os pesos da memória, que, quando compartilhada, se espalha e se reafirma como passos dados no chão.


O Paquiderme é o disco de estreia do grupo Nico Antonio e os Filhos do Mar (SP). Na construção de uma ópera canção narrativa, a série de lançamentos contou com seis EPs e um álbum visual. São 15 faixas que se nutrem das nuances lúdicas e literárias junto a ritmos diversos da música popular brasileira para contar sobre a jornada de uma mulher. Agora, no fim dessa estrada, O Paquiderme chega em seu sexto e último lançamento: o EP Presas.



Num projeto fomentado pela ProAc de São Paulo, o público pode acompanhar a história de uma mulher em marcha através das opressões e batalhas que encontrou pelo caminho. Baseada na história de Dona Leni Rocha, que hoje faz parte da banda e cuida das narrações, somos levados por um curso sonoro e performático que revela, cena a cena, suas lutas e aflições numa sociedade estruturada no machismo e conservadorismo.


O grupo tem demonstrado sua profunda entrega diante das composições, trazendo influências carregadas da nossa literatura, teatro e música: odes a Chico Buarque e Tom Jobim, visitas a Murilo Mendes e Conceição Evaristo, valsas íntimas na inspiração de Milton Nascimento e Cantoria (de 1984).


O EP Presas traz três faixas em sua performance de encerramento de uma obra: “Mar” (com a declamação do poema “Eu-Mulher”, de Conceição Evaristo), “Luta” e “Dança”. A simbólica sensibilidade que percorreu toda a produção abraça seu último capítulo em euforia particular, apresentando uma protagonista que finalmente se liberta de antigas dores e "deságua no mar”: “me desfaço pra caber em mim (...)/ qual mito desmontado/ amanhã recomeço”.


O Paquiderme não se trata de tréguas ou resoluções imaculadamente perfeitas, mas da imprecisão transformadora dos recomeços de uma mulher em luta. “Eu a vi se redescobrir num processo muito bonito, onde ela voltava a gargalhar e fazer o que queria”, comenta Nico, recordando da história que acompanhou de perto enquanto acontecia. Sobrevoando o percurso da mãe, o músico enxergou o renascimento de uma voz.


“Dança” finaliza o EP e, assim, deixa um ponto final da jornada d’O Paquiderme. A faixa, que é um estudo de desdobramento de “Valsinha” (Chico Buarque), foi a base de toda a construção da obra, anos atrás. É aqui que chegamos, atentos, ao fim de uma narrativa de delicados peso e força sobre ressignificar-se.


O Paquiderme é o registro lírico de uma vida brotando em novo chão, a busca gradual pela ressurgência própria de uma mulher. Mulheres que, como tantas de nós, gostariam de dividir a sua história com quem queira ouvi-la. Mulheres que, como todas nós, têm algo a falar e um propósito em renascer de suas dores.

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