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Roger Moreira como você nunca viu: Entrevista com guitarrista e vocalista do Ultraje a Rigor

Atualizado: 10 de ago. de 2022

Roger Rocha Moreira nasceu em São Paulo no 12 de setembro de 1956. Fundou o Ultraje a Rigor em 1980 e nunca mais parou. Em entrevista exclusiva cedida ao Blog Música Boa, ele falou sobre todas as fases da carreira do Ultraje e contou histórias que até então eram desconhecidas do público.


Blog Música Boa

Roger, você despertou para a música após ver sua mãe tocar violão em casa. Aos 12 anos, você já quis ter uma guitarra, porém seu pai não deixou por achar o instrumento muito barulhento. Além de ver sua mãe tocando, quais foram suas principais influências musicais?

Roger Moreira

Minha mãe tinha parentes que tocavam violão e desde que eu vi o filme “Help”, dos Beatles, eu tinha essa vontade de tocar. Minha mãe começou a ter aulas de violão e contratou uma professora particular. Fui pegando os livros dela e aprendendo por tabela. Desde pequeno tenho esse interesse por música. Meu tio tocava piano e minha mãe também.

Blog Música Boa

Como surgiu o seu interesse por rock de fato e quando teve vontade de comprar a sua primeira guitarra?

Roger Moreira

Veio principalmente por causa dos Beatles. Era o que tocava na época. Me lembro de uma festinha que teve em casa e que estava meio caída. Minha mãe colocou pra tocar um vinil 78 rotações da música “Tutti Frutti”, do Little Richards. Eu achei aquilo demais e gostei muito. Uma vez também vi meu primo tocar um riff clássico de rock no violão, caçando as notas do baixo com o dedo mínimo. Achei aquilo demais. Aprendi muito vendo outras pessoas tocarem, depois passei a ter aula no conservatório e tive muitos outros professores. Eu cheguei a estudar com o Edgard Poças, em um curso de orquestração e regência na Fundação das Artes de São Caetano do Sul.


Blog Música Boa

Quando você começou a compor e qual foi a primeira música que você escreveu?


Roger Moreira

Acho que foi “Mauro Bundinha”. Fizemos pra um amigo nosso lá dos Estados Unidos, mas ele não chamava Mauro Bundinha, (risos). Eu e o Leôspa o conhecemos nos Estados Unidos e ele mandou uma música que ele fez tirando sarro de mim. Chamava “Roger Perninha”. Fiz essa música pra devolver a brincadeira e depois a gente começou a levar a sério. Acho que a segunda foi “Zoraide”, depois veio “Independente Futebol Clube”. Minha mãe falava que fazia as coisas do jeito dela e por isso era “independente futebol clube”, (risos). Meu avô falava “pelado, nu, com a mão no bolso”, mas eu não entendia direito o que era, (risos). Eu pegava muito as gírias da época e da família, coisas que envolviam o meu universo.

Blog Música Boa

Em 1985, após dois compactos e algumas alterações na formação da banda, o Ultraje lança o "Nós Vamos Invadir Sua Praia". Muitos consideram o melhor disco de estreia de uma banda de rock na história do Brasil, além de ter sido o primeiro a LP de rock nacional a ganhar disco de ouro e platina. Como foi feita a escolha do repertório?

Roger Moreira

Ficaram muitas músicas de fora desse álbum, principalmente as instrumentais. Nós fizemos uma votação em uma casa de shows chamada Áudio Clube, que a gente tocava com frequência. Colocamos uma urna na porta com os papéis e pedimos para o público votar nas músicas prediletas delas. A gente acrescentou duas músicas novas que eram “Nós Vamos Invadir Sua Praia” e "Ciúme" e acabaram virando grandes hits. Ficaram de fora “O Chiclete”, “Ice Bucket”, “Maquininha” e tinha uma música do Maurício (Ex-Baixista) que também nunca gravamos.

Blog Música Boa

“Nós Vamos Invadir Sua Praia” foi um sucesso de público e mídia. Como era a pressão que havia em torno da banda para suprir as expectativas de todos, principalmente da Warner, para o próximo disco da banda que viria a ser o “Sexo!!” (1987)?


Roger Moreira

Foi muito complicado. A gente esperava que o primeiro disco fosse bem, mas não tanto quanto foi. No começo eu compunha como diversão e para agradar alguns amigos. Depois passou a ser um compromisso de suprir as nossas expectativas, do público e gravadora. Antigamente a gente investia em um disco. Não havia internet e streaming. Era algo muito caro, ainda mais se fosse importado, então precisava-se colocar algumas músicas boas no disco, não só uma. A gente comprava o disco e ficava ouvindo até se acostumar, (risos). Eu pensava dessa mesma maneira. Não queria fazer um disco com uma música e o resto encher linguiça. Queria fazer um disco só com música boa, se possível. A parte da composição sobrou muito na minha mão também. Eu esperava que mais gente da banda me ajudasse a compor, mas consegui dar conta do recado. O Ultraje quebrou um tabu que havia na época, de que a banda fazia muito sucesso com o primeiro disco e o segundo era um fracasso. Com a gente foi diferente: o “Sexo!!” vendeu tanto quanto o “Nós Vamos Invadir Sua Praia”.


Blog Música Boa

Nas gravações do segundo, “Sexo!!” (1987), o clima na banda não era dos melhores devido a divisão que existia entre você e Leôspa, Mauricio e Carlinhos. De que maneira os ânimos foram acalmados? A entrada de Sergio Serra ajudou um pouco nesse sentido?

Roger Moreira

Foi o seguinte: no início a gente só tocava cover e depois começamos a compor e ver que havia um movimento. Começaram a abrir as casas onde as bandas tocavam música própria, com isso começamos a incluir nossas músicas no repertório. Nós ficamos meio presos em São Paulo. Fizemos dois shows em Santos e dois no Rio de Janeiro. Arrumamos um empresário, que era o Cacá Prates, para tocar no interior de São Paulo e no resto do país. Antes do “Nós Vamos Invadir Sua Praia” a gente já tava rodando com o empresário. Ficamos nisso durante um ano e pouco e depois cansamos e cada um foi pra um lado. Eu não conseguia compor na estrada também. Quando a gente se reuniu pra fazer o segundo disco, o Mauricio e o Carlinhos (Ex-Guitarrista) estavam com uma ideia mais pra um "heavy metal farofa", (risos). Eu e o Leôspa estávamos na mesma. “Prisioneiro” foi a música que eles apresentaram pro disco. Eu apresentei “Terceiro”, “Eu Gosto De Mulher” e “Pelado”. Só aí já temos três hits. O Pena Shimidt (produtor) interveio, conversou com a gente e eu fui fazer umas demos no estúdio do Liminha (produtor e ex-Mutantes) para fazer umas demos. Depois conversamos e o Maurício voltou, já o Carlinhos saiu no meio do disco e entrou o Sérgio Serra (ex-guitarrista).


Blog Música Boa

O disco posterior, “Crescendo” (1989), tem muitas sobras do início da banda e músicas instrumentais. Em algum momento a Warner tentou barrar essas músicas por não serem tão viáveis comercialmente?

Roger Moreira

Na verdade nós não tínhamos cacife pra falar que iríamos fazer um disco do jeito que a gente quiser. Foi o que tentamos fazer com o “Crescendo”. Queríamos mostrar essas músicas que também faziam parte da nossa identidade. Ele vendeu bem também, foi disco de ouro. Não foi tão bem quanto os dois primeiros, talvez pela quantidade de músicas instrumentais, ou porque a onda já estava acabando.


Blog Música Boa

Em 1990, a banda lançou o álbum “Por Quê Ultraje a Rigor”. Nessa fase, os shows começaram a cair, assim como tudo que envolvia a banda. Leôspa, fundador do Ultraje com você, já não estava tão empenhado assim como os demais integrantes que estavam sendo trocado constantemente. Como foi esse momento pra você, particularmente?

Roger Moreira

Cara, foi muito difícil. Em 88 ou 89, antes da gente gravar o “Crescendo”, o Mauricio e o Serginho resolveram sair da banda. Renovamos o contrato só eu e o Leôspa, mas eles resolveram voltar. Ninguém ficou nem sabendo disso. Gravamos o “Crescendo” e o Mauricio saiu para entrar o Oswaldo. Um ano depois saiu o Serginho pra fazer a Telefone Gol. Depois virou um negócio capenga. A gente tava tocando com uns caras que não estavam legais na banda. Um dia fizemos um show muito ruim e eu falei pro Leôspa: “Bicho, desse jeito não vai dar não”. Ele tinha acabado de ter filho também, então o show acabava e quando a gente ia voltar pra fazer o bis ele já tinha ido embora pra ver o filho e entrava o roadie na batera. Tava um negócio meio caído. Falei pra ele que queria continuar e perguntei se ele queria ficar com o nome. Ele me disse que não e falou pra eu continuar a banda. Leôspa é meu amigo até hoje. O Ultraje estava muito avacalhado. Achei outras pessoas para continuar a banda, que foram o Heraldo (Guitarra), Flávio (Bateria) e o Sérginho Petroni (Baixo). Mudei porque precisava-se de compromisso. Enquanto as outras bandas estavam ficando cada vez melhores, a gente só estava avacalhando.

Blog Música Boa

Como foi a adaptação com uma mudança tão grande na formação do Ultraje?

Roger Moreira

Antes do pessoal entrar em definitivo, eu os chamava para fazer uma audição no estudiozinho que tenho aqui em casa. Fui ver as bandas tocarem na noite e eu tinha que me dar bem com o pessoal, né? Eu perguntava pro pessoal se eles gostavam mesmo de tocar, porque eles iriam entrar em uma banda que já existe, né? Flávio foi o primeiro a entrar, ele mesmo que indicou o Sérgio Petroni, que era amigo dele. Estava difícil arrumar um guitarrista. Falei isso no rádio e o Heraldo ouviu. Conversamos, ele fez a audição e acabou entrando. Foi assim, a gente foi se conhecendo aos poucos e ensaiamos um ano antes de voltar à estrada.

Blog Música Boa

A contragosto da banda, a WEA lançou a coletânea “O Mundo Encantado do Ultraje a Rigor” (1992) e mesmo após a saída do Ultraje da gravadora, várias outras foram lançadas. De onde veio a inspiração do nome do álbum e como foi gravar com a dupla caipira Tonico & Tinoco na faixa “Vamos Virar Japonês”?


Roger Moreira

Essa história foi muito interessante. Eu fui à gravadora e perguntei pra eles o porquê do Ultraje não gravar mais. Outras bandas da casa como o Barão e Kid Abelha estavam gravando, só a gente que não. Perguntei o que estava havendo e, resumindo, o diretor da Warner disse que era o critério pessoal dele. Foi então que eu pedi pra sair da gravadora e para as músicas serem liberadas. Só que ele voltou atrás dizendo meio que “vamo aí” e me deu uma miséria de dinheiro pra fazer o “Ó” (1993). Antes disso, eu, na minha inocência, decidi que iríamos gravar uma faixa de maneira independente e soltar nas rádios, já que a Warner não gravava a gente. Eu achei que as rádios iriam adorar isso, mas o sistema já era viciado com esse negócio de jabá e tal e eu nem imaginava. As rádios começaram a ligar pra gravadora e perguntar o porquê o Ultraje estava levando uma fita cassete pra tocar lá. A música em questão era essa com Tonico & Tinoco. Eu não estava prestando muita atenção no movimento sertanejo e eu queria gravar com Tonico & Tinoco e pensei que eles não iriam topar. Eu comecei a ligar para os outros da época: Leandro & Leonardo, Chitãozinho & Xororó, Gian & Giovani, Zezé Di Camargo & Luciano, que pra mim eram artistas menores. Eu não sabia que eles já eram muito famosos e muito importantes. Todos eles recusaram. Foi ai que eu liguei para Tonico & Tinoco e eles aceitaram de cara. Foi uma honra pra gente também. Gravamos do jeitinho deles, só com viola e voz. Tiramos o instrumento deles e só depois colocamos guitarra, bateria e todo resto (risos).

Blog Música Boa

A faixa “Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas”, do “Ó”, é uma indireta para os diretores da gravadora da época?

Roger Moreira

Total (risos). Eles ficaram muito bravos e boicotaram o disco, além de não renovarem o contrato.

Blog Música Boa

Como foram os anos 90 pro Ultraje? Depois do “Ó”, a banda só voltou a lançar um disco em 1999.

Roger Moreira

Fizemos muito show. Em 95 nós decidimos gravar o ao vivo e queríamos lançar ele na Warner. Eles não quiseram e preferiram lançar uma coletânea, que foi “O Mundo Encantado do Ultraje a Rigor”, que nós ainda conseguimos colocar algumas faixas inéditas. Enfim, gravamos o ao vivo em 95, com produção do Carlinhos Bartolini e eu fiquei com esse disco embaixo do braço levando nas gravadoras. Levei na Sony, Odeon, mas eles queriam que eu colocasse músicas inéditas, coisa que eu não queria. Quando eu vi que só o ao vivo ninguém iria querer, eu acabei colocando quatro músicas inéditas e ficamos todo esse tempo com a fita embaixo do braço. Certa vez eu dei uma entrevista pra revista Bizz falando sobre isso e o Rafael Ramos (produtor da Deck Disc) viu e fomos contratados pela Abril Music e pela Deckdisc na época, que depois acabou virando só Deck. O disco vendeu mais de 100.000 cópias, foi disco de ouro. Era pra se chamar “15 Anos Sem Tirar” e acabou virando “18 Anos Sem Tirar”. O Carlos Castelo Branco (Bartolini), não quis colocar o nome, sei lá o porquê e quem acabou produzindo foi o Sussekind. “Nada a Declarar” e “Giselda” foram hits. A Deckdisc queria que a gente lançasse dois discos. Eu pretendia lançar o ao vivo e parar. “Nada a Declarar” inclusive é meio isso: “Olha acabou, não tenho mais nada pra dizer. Valeu é isso ai”. Depois surgiu “Os Invisíveis" (2002), que era outra ideia que eu tinha de fazer um disco sem falar que era a gente, só pra ver se o pessoal engolia, ou se já tinha um preconceito com a gente. O João Augusto me disse que ai já era demais também (risos).


Blog Música Boa

“Os Invisíveis” é um baita disco! Você acha que ele é o melhor disco do Ultraje, depois da trilogia clássica dos três primeiros na Warner?

Roger Moreira

Possivelmente sim, porque os outros nem têm material inédito. Tem muitas músicas que eu gosto nesse disco, mas o mercado já havia mudado muito. “Domingo Eu Vou Pra Praia” teve clipe. Eu adoro “I'm Sorry”. "Todo Mundo Gosta de Mim” tocou numa novela; “A Gente é Tudo Igual”. Esse disco já foi muito mais bem gravado né, porque o conhecimento que se tinha para gravar rock evoluiu muito no Brasil. O mercado já era outro.

Blog Música Boa

O acústico do Ultraje, lançado em 2005, é considerado um dos mais rock and roll já feitos. No começo você relutou um pouco em fazer, não é? Conta um pouco dessa história pra gente!

Roger Moreira

A gente queria fazer sim! Só não queríamos fazer versões lentas. Começamos a ensaiar vendo quais músicas ficariam legais tocadas do mesmo jeito, só que com violão. Foi isso que definiu a escolha do repertório. Esse disco estava até fora do contrato inicial com a Deckdisc, mas eles falaram ‘vamos fazer’ e pô, foi muito legal de gravar também. Saiu bem rock and roll. A gente achava que nossas músicas não cabiam naqueles arranjos que as outras bandas estavam fazendo nos acústicos. A gente achou que dava pra fazer do nosso jeito. Os outros acústicos sempre tinham convidados, que era pra dar o gancho na rádio, mas a gente preferiu dar um reforço nas vozes, que sempre foi algo forte dentro do Ultraje, mas que com as mudanças de integrantes foi se perdendo. Até hoje quando tocamos ao vivo, a gente chama o Ricardinho, que faz uma segunda voz pra gente. Na época do acústico tínhamos o Oswaldo, que tocava piano, o Manito, que era uma lenda do rock nacional e meu ídolo de infância e o Paulinho, na voz, além do Ricardinho.

Blog Música Boa

O Ultraje ficou por muito tempo na Deck, não é? Até quando durou esse contrato?

Roger Moreira

A gente tem muita intimidade com o pessoal de lá. Não temos mais contrato e tínhamos o compromisso de ligar pra eles se a gente tivesse alguma ideia. Eles nos convidaram pra fazer aquele disco com o Raimundos (“O Embate do Século”), em que nós cantamos músicas dos Raimundos e eles cantam nossas músicas. Recentemente gravamos esse disco instrumental (“Por Quê Ultraje a Rigor Vol.2”), em que alugamos um estúdio e em cinco horas gravamos tudo, no esquema Beatles (risos). Não é me comparando à eles, mas os Beatles entravam no estúdio, tocavam quatro ou cinco vezes a mesma música, escolhiam os melhores takes e pronto. A gente nem tocou várias vezes as mesmas. Tocamos 40 músicas e escolhemos as 20 melhores que entraram pro disco. A gente tocava essas músicas no final do programa (The Noite, SBT) e lá a voz não ficava muito legal e tal, então começamos a tocar músicas instrumentais, que nós adoramos. É uma coisa bem de músico, porque não tem tanto apelo. Foi um disco fácil de fazer e na verdade não seria um disco. O próprio dono do estúdio tinha um selo que era distribuído pela Sony e a gente acabou gravando com ele.

Blog Música Boa

Já que você tocou no assunto do “Por Quê Ultraje a Rigor Vol.2”, fale um pouco sobre o EP “Música Esquisita a Troco de Nada”, que assim como o álbum instrumental, só foi disponibilizado digitalmente.

Roger Moreira

Este era um projeto que iríamos aumentar, mas que só ficou naquelas quatro músicas. Esse fui eu mesmo que coloquei nas plataformas. Não ganhei nada com isso (risos). Tem muitas músicas legais ali. “Amor”, que é um bolero, “Nossa, Que Cabelo Bonito”, são músicas muito boas.


Blog Música Boa

Roger, acho que nunca vi você comentar sobre isso em lugar nenhum, mas como foi a segunda saída do Sérgio Serra, antes do lançamento do “Música Esquisita a Troco de Nada”?

Roger Moreira

Quando estávamos gravando esse EP, ele estava morando no Rio de Janeiro. Falávamos pra ele: “Olha, estamos aqui no estúdio do Mingau e já gravamos nossa parte, quando você vem?”. Aí ele respondia: “Ah, to meio duro” e a gente dizia que pagava a passagem e estadia. Na época ele tava meio puto, não sei com o quê. Ele já me pediu desculpas, mas na época ele tava meio puto com algo. Eu falei pra ele: “Bicho, você sabe o que faz”, me xingando e isso tudo por telefone. Ele pediu pra sair. Como só faltavam as guitarras, eu acabei chamando o Edgard (Scandurra), que foi outro que recentemente fez malcriação, digamos assim (risos), cuspindo no prato que comeu. A gente sempre foi amigo e depois ele saiu falando mal de mim, enfim, essas coisas acontecem. Quando o Sérgio saiu a gente ficou sem guitarrista e eu já conhecia o Marcos Kleine, porque ele tocou comigo na “Fabulosa Orquestra de Rock And Roll” (2005). Ele tocou algumas vezes como convidado, até que foi efetivado. Essa formação tá muito bacana né, mas faz mais de um ano que eu não toco com eles por conta da pandemia.



Blog Música Boa

Você acha que essa formação com o Marquinhos, Bacalhau e Mingau é a melhor tecnicamente?

Roger Moreira

Ah, a ideia sempre foi de ir melhorando. Eu prefiro muito mais a gente se dar bem do que a técnica, no entanto, os outros que passaram também são muito bons, como o Flávio, o Leôspa, que tem um jeito próprio de tocar. O Bacalhau tem um estilo muito anos 90, ele bate forte pra cacete. No Ultraje cada um imprime o seu estilo, sempre foi assim. Se eu quisesse fazer uma banda minha, talvez eu escolhesse outros tipos de músico, mas a ideia não é essa. Essa é a formação que dura mais tempo e por isso está mais redondo.

Blog Música Boa

Pra encerrar gostaria que você falasse do sentimento de ser integrante de uma das maiores bandas do Brasil.

É um prazer enorme, porque o meu projeto inicial era muito mais modesto. Eu só queria tocar em barzinho, mas acabou que a gente fez muito sucesso e não só isso, ainda somos muitos respeitados, apesar de não sermos mais moda. Tem muita gente que tenta falar que estamos em decadência por estarmos na TV, mas não é isso, fomos adaptando ao mercado. É melhor do que tocar funk ou sertanejo (risos). O sucesso é uma mistura de estar preparado e saber reconhecer as oportunidades. Esse convite aconteceu em 2010, quando não se investia mais em rock. Teve gente que virou escritor, teve gente que foi fazer carreira solo e nós estamos aí. O principal é que estamos fazendo o que a gente gosta. Se um dia a moda voltar estamos prontos (risos).


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