Clube Feminino do Disco cria espaço acolhedor para mulheres apaixonadas por vinil em Ribeirão Preto
- Guilherme Moro
- 23 de mai.
- 3 min de leitura
O amor pelos discos de vinil e pela música em geral uniu um grupo de mulheres em Ribeirão Preto (SP). Criado de forma espontânea, o Clube Feminino do Disco realiza encontros mensais para trocar experiências, indicar sons, contar histórias e, claro, discotecar. O projeto surgiu por iniciativa de Cláudia Parra, curadora musical e DJ, com auxilio de Denise Castro, co-fundadora da loja Mundo Vinyl, a partir da vontade de criar um espaço seguro e acolhedor para que mais mulheres se sintam à vontade nesse universo da música.
Criadora da página (e agora do site) Cultura Sonora, Parra explica que tudo começou de maneira despretensiosa, a partir do conteúdo que compartilhava sobre música e da relação próxima com feiras e lojas especializadas em discos. Aos poucos, foi percebendo que outras mulheres também tinham interesse, mas sentiam falta de um ambiente para participar sem julgamentos.
"Eu não queria ficar com esse estereótipo do disco de vinil. A minha página é sobre pesquisa musical. Gosto de falar sobre esses assuntos. Mas acabei sendo puxada por esse universo. Fiquei tão relacionada ao ponto das pessoas perguntarem se eu vendia discos (risos). Tive inspirações em outros clubes do disco, pensei em montar aqui. Tem dado certo!", contou.
Além das rodas de conversa, há espaço para quem quiser levar discos e experimentar discotecar, mesmo sem experiência. A ideia é justamente incentivar a participação e mostrar que qualquer uma pode estar ali, independentemente do nível de conhecimento técnico.
"O objetivo é que as mulheres se sintam à vontade para participar e, se quiserem. Eu mesma comecei a tocar depois dos 40. Foi algo que caiu no meu colo e eu adoro fazer isso. O que eu vejo que outras mulheres, elas gostam, só que é sempre ali no âmbito só do hobby, Então eu acredito que haverá oportunidades profissionais por meio do clube", desejou.

Em maio, o clube fez uma mesa redonda sobre o disco Fruto Proibido (1975), um dos clássicos da discografia de Rita Lee. As pautas dos novos encontros são discutidas através de um grupo de WhatsApp.
O primeiro encontro aconteceu em abril na loja Mundo Vinyl. A proposta não tem fins lucrativos nem obrigações: é só chegar. A cada mês, uma mulher é convidada para apresentar um disco ou um tema. No mês de estreia, a pesquisadora Nayane falou sobre Buena Vista Social Club após uma viagem a Cuba.
Ao longo dos encontros, o clube tem sido um espaço fértil para o desenvolvimento da autoconfiança entre as participantes. A troca de experiências, a escuta ativa e o acolhimento coletivo funcionam como ferramentas para romper barreiras internas e externas.
"O primeiro grande exemplo foi essa primeira speaker nossa. Ela falava: 'Será que eu vou mesmo? Tô muito ansiosa...'. E a gente dizia: 'Mas gente, é uma mesa, são quatro pessoas sentadas, só vamos conversar'. E no dia, ela estava lá, falando super bem, desenrolada, com desenvoltura. Então o que falta, às vezes, é só confiar em si mesma. Esses espaços ajudam muito nisso", finalizou.
Sem tema definido para o próximo mês, o Clube Feminino do Disco segue aberto para novas associadas. Mulheres que tiverem interesse podem entrar em contato através do Instagram.