Milton Guedes retoma carreira solo com “Desligue a TV” e reflete: “Nunca parei de cantar”
- Guilherme Moro
- 9 de jun.
- 3 min de leitura
Se você era um espectador de DVDs musicais nos anos 2000, com certeza viu o rosto de Milton Guedes em alguma das obras audiovisuais em que o artista emprestou o seu talento. Roupa Nova, Sandy & Júnior e Roberto Carlos foram apenas alguns dos nomes para quem Milton pode contribuir.
No ano em que completa 40 anos de carreira, ele retorna ao seu lugar de intérprete com o single “Desligue a TV”, dando início a um novo capítulo em sua trajetória solo após mais de duas décadas se dedicando à gravações com outros artistas. O single antecede um EP de seis faixas programado para os próximos meses.
Compositor de hits como “Baby, Eu Já Sabia” e “Jeito Sexy”, o lançamento marca o retorno de Milton como protagonista de suas próprias histórias, mas não exatamente como um recomeço. Afinal, ele nunca parou de cantar. Seja como vocal de apoio de nomes como Roupa Nova e Sandy & Júnior, ou mesmo em seu projeto de mashup, ele sempre esteve amparado por um microfone.
“Eu nunca parei de cantar. Quando eu comecei a tocar com Oswaldo Montenegro, Lulu Santos e tudo, eles me chamaram como instrumentista. Mas por eles saberem que eu cantava, eu fazia muitos vocais e tudo. Sandy & Junior, sempre estava ali. Então é uma coisa que sempre teve em mim”, explicou.
“Desligue a TV” propõe pausa nas telas e reconexão emocional
“Desligue a TV” é uma balada pop com alma nostálgica que faz apelo pela reconexão real em tempos de excesso de telas. A produção do single é assinada por Rudah Guedes, filho de Milton.
"Muito mais da pandemia pra cá, porque era meio impossível se encontrar pessoalmente, a gente ficou um pouco viciado nas telas. E a música fala disso, eu me identifiquei muito com ela nesse pedido de ‘desliga a TV’, fica um pouquinho aqui comigo, vamos trocar um pouquinho juntos’. E eu sou dependente das telas, eu preciso das redes pra divulgar e tudo, mas eu faço esse exercício também de respirar de vez em quando", afirmou.
O longo período sem lançamentos inéditos de Milton como intérprete está ligado a um momento de frustração com o mercado fonográfico. No fim dos anos 1990, sua música “Sonho de Uma Noite de Verão” despontava como hit da estação, mas teve a divulgação interrompida após um problema interno na gravadora.
"Eu confesso que foi uma rasteira pra mim na época. Éramos muito dependentes das gravadoras. Ela era a detentora dos contratos. Você conseguir chegar numa gravadora já era uma vitória. Mas a continuidade daquilo — porque a gravadora, ela te dava um clipe, ela te dava um budget financeiro pra você montar um show, pra você estrear um show, fazer uma turnê. Na época desse hit, a gravadora teve um problema interno e os produtos daquela gestão foram congelados. Ela estava estourada, era a música do verão de 98, 99, uma atrás da outra. Aquilo foi tão decepcionante que eu falei: ‘Cara, eu não vou conseguir’. Foi um pouco imaturo da minha parte. Talvez se eu tivesse brigado um pouquinho mais, eu teria seguido", desabafa.
Próximos passos
O lançamento de “Desligue a TV” inaugura um cronograma de seis faixas, onde somente duas delas não autorais — que serão divulgadas mensalmente, é uma música que não é minha. A segunda canção que a gente vai lançar também não é minha. São as duas canções que não são minhas.
“Não foi estratégico isso, foi só porque eu já tocava essas músicas no show e eu sempre tive vontade de gravá-las. São canções que têm muito a minha cara. Elas vão para esse estilo um pouco da sonoridade do Harry Styles, que eu adoro o artista ali, aquela pegada dele. Então o trabalho vai sempre por aí e aí depois as outras vão ser canções mais autorais. E também tem a pegada pop, porque é a minha linha mesmo, eu aprendi assim. Mas elas já são um pouquinho diferentes, no caso das letras e tudo. São canções que entregam um assunto um pouquinho mais romântico até", finaliza.
