MD Chefe critica lei Anti-Oruam em novo single com Major RD: "Não são criminosos, são artistas"

MD Chefe lançou nesta quarta-feira o single “Reunião de Matuto”, um feat com Major RD que crítica projeto de lei "Anti-Oruam", criado com o intuito de proibir a contratação de artistas cujas letras façam, supostamente, apologia ao crime. Para o rapper, a medida abre margem para perseguição contra artistas do gênero.

"O rap sempre está falando sobre o que está acontecendo, sobre o que está incomodando. Ele resiste, ele dá voz para quem não tem voz. E o rap tem sido perseguido, então naturalmente os rappers vão acabar abordando sobre isso, porque eles estão atacando o nosso movimento. Foi uma resposta a esses ataques, porque eles têm hábito de criminalizar e perseguir os rappers, que são pessoas que não são do crime, pessoas que não são criminosas, são artistas. Mas os criminosos, quando assassinam um jovem, eles não prendem, eles não têm eficácia", disparou.

Foto: Rafael Buto

O clipe aposta em uma estética cinematográfica inspirada no Velho Oeste, com figurinos de cowboy e ambientações no Rancho Verão Vermelho, em Paciência, Zona Oeste do Rio. Segundo MD, a música é uma mescla de identidade, crítica social e interesse comercial.

"O country veio do o andar de cavalo, o lifestar do cowboy, dono de fazenda. Essa afirmação é muito boa, eu queria trazer essa afirmação em palavras na música. Então chamei o Major pra fazer esse som e a gente chegou nesse denominador, que é ter o entretenimento, a parte comercial da música, mas também ter aquela parte politizada, parte do ataque, o punch, que o rap tem que ter", explicou. 

Para além da estética escolhida, o artista entende que a representatividade está implícita de certa forma. Ele cita a originalidade do parceiro na faixa como ponto de partida para o resultado final.

"Acho que o Major é um dos caras de mais autenticidade do movimento do rap. A gente fala sobre coisas distintas, mas o nosso discurso chega no mesmo lugar. E o mesmo lugar que é pôr o preto num lugar onde as pessoas não querem ver. A gente está trazendo de volta aquela parada do preto rock and roll, porque o rock and roll veio dos negros", relembrou.

Adaptações ao mercado

Com mais de 1,4 milhões de ouvintes mensais somente no Spotify, MD dialoga com um público fiel nas plataformas de áudio e também nas redes sociais. Diante das mudanças constantes promovidas pelo mercado, ele entende que o artista precisa ter o felling para dar seus próximos passos com precisão.

"O mercado sempre está se atualizando. Tem momento que ele está muito bom, tem momento que ele fica um pouco mais desafiador. Aí o artista tem que se adaptar, tem que estar observando, tem que ter uma equipe antenada com o que está vindo. Tem que saber a hora de andar para frente, a hora de dar uma recuada, a hora de segurar um pouco. É uma coisa que a gente não tem tanto controle. Pode ter alguma certa influência em determinada situação, mas muito mais você aprende a lidar com aquilo e toma passos em prol daquilo para poder ter um resultado melhor, do que algo que a gente tenha sempre controle", finalizou.