Buscando visibilidade para mulheres e corpos dissidentes na música, o EP “deuZONAS - vozes ferozes” reúne quatro talentos da nova geração, apresentando suas perspectivas próprias. Do amor entre mulheres em lo-fi ao samba, do rap ao indie folk, as canções foram produzidas pela cantora e compositora Angélica Duarte.
Angélica abriu um chamamento online para selecionar cantoras e compositoras mulheres, cis ou trans, e pessoas não-binárias. A busca por talento trouxe Bibi Bog, NATASHA, AnarkoTrans e Jessica Assis, cantoras e compositoras de personalidades contrastantes.
Bibi Bog compôs sua primeira música aos quatorze anos, mesma época em que se apaixonava pela primeira vez por uma garota. Essa relação visceral entre paixão e arte reflete no lo-fi "Emocionada", que representa o amor entre mulheres.
Nascida na Lapa, NATASHA é influenciada pelo choro e pelo samba e sua música "Samba sem Amor", selecionada para o EP, aborda as dificuldades de vivenciar o amor recíproco quando se é uma pessoa fora do padrão.
AnarkoTrans é a persona artística de Rafaela Lincoln, mulher preta e travesti que utiliza sua arte como forma de expressão política. Sua música "Farpa Feminina" busca mostrar uma perspectiva diferente das divas da quebrada, destacando a resistência e a luta contra o machismo.
Jessica Assis possui influências do folk, indie e nova MPB. Na canção "Vim Sozinha", a compositora aborda o autoconhecimento e a coragem de seguir novos caminhos.
“Minha vontade era me desafiar a produzir canções diferentes e entrar em contato com novas vozes, novas sonoridades”, conta a produtora e curadora Angélica Duarte. “Com isso, bolei uma chamada pública a fim de dar oportunidade a novos talentos, privilegiando artistas que nunca haviam tido a oportunidade de lançar um fonograma. Durante um curto período de inscrição tive respostas suficientes e selecionei quatro gêneros distintos para produzir”.
Todas as músicas trouxeram um universo diferente, calcado nas tradições de cada estilo, porém abrindo espaço para experimentação e um olhar renovado. Como produtora, Duarte pode construir a sonoridade junto às artistas. Ao longo de dois meses, Angélica se dedicou exclusivamente à gravação e produção das quatro faixas.
“Cada canção é um mistério, primeiro preciso entender o que quer dizer, de quais camadas ela precisa para crescer, acontecer. Esse processo de arranjo não tem receita, em alguns momentos a produção flui com muita naturalidade, em outros, é uma bateção de cabeça sem fim. O frio na barriga de mandar os primeiros testes foi indescritível, eu nunca havia passado por isso, sempre produzi minhas próprias músicas, e foi uma alegria perceber que eu estava de fato dialogando com as canções, sempre tive uma resposta positiva e estou muito animada com esses lançamentos. A diversidade me interessa muito, acho que consegui reunir perfis muito interessantes nesse grupo de quatro mulheres”, comemora Angélica.
Sua iniciativa parte de uma vivência intensa dedicada à música. Nascida em São Paulo e radicada no Rio há oito anos, Angélica Duarte faz uma MPB com olhar pop e tem em seu currículo o EP “Odara” (2018) e o álbum autoral “Hoje Tem” (2021) com participações de Juliana Linhares e Letrux. Ela tem se destacado como produtora musical em seu nicho e tem formado parcerias com compositoras e instrumentistas de sua geração, tendo produzido uma porção de singles em seu estúdio, l0vynho.
deuZONAS” inaugura uma nova fase da artista, que busca se afirmar como produtora musical privilegiando vozes e canções reais, fugindo da obrigatoriedade de agradar métricas. Angélica acredita que a música - por si só - tem o poder de emocionar e comunicar, e trabalha sua produção de acordo com esse propósito, o de agradar ouvintes que buscam o novo sem desmerecer qualidade e refinamento artístico. O EP está disponível em todas as plataformas de música.