Kiko dispensa comentários. Um guitarrista com solos e composições marcantes, além de um carisma invejável. Em uma entrevista feita em agosto desse ano, Kiko falou das expectativas para a gravação do DVD em comemoração aos 40 anos do Roupa Nova, sobre o inicio da carreira e sobre seus solos mais marcantes. Essa entrevista é uma homenagem ao Paulinho, vocalista e percussionista do Roupa Nova, que veio a falecer nas últimas semanas.
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Em junho desse ano, o Roupa Nova gravaria um DVD em comemoração à seus 40 anos de carreira. Devido a situação pandêmica que estamos atravessando, a gravação do DVD foi transferida para o março de 2021. Quais são as expectativas para a gravação desse novo DVD?
Kiko
Em relação as expectativas, são as melhores possíveis. As cadeiras frontais e as do meio já estavam esgotando para a gravação de março. Existe um carinho e amor pela nossa carreira, por parte do nosso público. Não podemos deixar de fazer o DVD dos 40 anos. Faremos quando der para ser liberado e esperamos que seja em março.
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Uma banda de 40 anos de carreira como o Roupa Nova tem inúmeros sucessos que marcaram a história de milhões de pessoas. Como montar um repertório mesclando os clássicos da banda, novas canções e os lados B que são tão aclamados pelos fãs?
Kiko
Em relação ao repertório, realmente será mesclado. Os fãs cobram muito. Sobre o lado B, pensamos fazer alguma coisa gravando em vídeo, acreditamos que será muito legal.
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Kiko, o Roupa Nova é uma banda de 6 integrantes sendo dois deles um pianista e um tecladista. Mesmo assim, sua guitarra tem um grande destaque, com solos extremamente marcantes. Em meio a todo esse conjunto de harmonias, como você consegue encaixar a suas particularidades na guitarra?
Kiko
Pois é (risos). Cleberson e Feghali são os responsáveis pelas ‘harmonas’. De vez em quando sobra um solo pra eu fazer. Na maioria das vezes eu que faço, mas quando sugerem é de boa e sempre é bem-vindo. Nas bases, procuro não atrapalhar (risos). Me coloco nos melhores espaços.
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De todos os solos feitos por você nesses anos de carreira, consegue citar alguns de seus favoritos?
Kiko
Eu prefiro citar os que mais a galera comenta, se bem que eles gostam bastante ou de todos (risos). “A Viagem”, “Perdoa”, “Pode Chamar”, “Chama’’, “Linda Demais”, “Os Corações Não São Iguais”, “Volta Pra Mim”. Graças à Deus eu tenho dado sorte (risos).
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Aos 13 anos você começou a tocar guitarra e violão e se aprofundou nos instrumentos tocando em bailes. Fale um pouco do começo da sua vida artística até chegar ao Roupa Nova.
Kiko
Os Bailes foram a maior escola pra mim. Tirar os solos, as harmonias, eram exercícios de faculdade (risos). Tínhamos que tirar tudo nos LPs. Para tirar o solo, a gente colocava o braço dos toca discos no vinil (mais ou menos perto do solo), quando pegava a guitarra, o solo já estava começando. Isso tudo nos deu muita experiência e aquilo que chamamos de alta didática, mas isso pra quem tinha pais iguais aos meus, que não deixaram estudar música (risos).
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Kiko, dentre seu set de guitarras e pedais, quais as principais peças que você leva para estrada?
Kiko
Em 1986, fomos à Nova York reciclar o equipamento e os instrumentos e dei de cara com os vídeos em VHS e fitas K7 e comprei tudo e de todos os guitarristas e aí eu aprendi mais ainda. Atualmente eu só levo o Kemper e o Foot. Antes era bom também, mas com o Kemper facilitou muito. É o cabo da guitarra e um cabo de microfone plugado na saída do Kemper para a mesa. Existem pessoas que dizem que eu estou com dois Marshall com duas caixas cada um e não acreditam que é só isso. Mas o paredão atrás dá saudade.
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No ano de 2004 o Roupa Nova voltou aos holofotes com seu acústico intitulado de “Roupacústico”. Você se declara muito mais um guitarrista do que um violonista. Como foi para você fazer com que seus arranjos de guitarra soassem bem no violão nesse projeto?
Kiko
Com certeza eu amo tocar guitarra, mas como estava na moda dos acústicos, foi uma coisa que nos mostrou para a galera mais jovem. As nossas canções em Acústico estavam na cabeça deles e aí hoje temos a galera mais jovem e não perdemos os fãs desde o princípio. Chegamos até as crianças e elas nos amam. Foi nesse momento que saímos das gravadoras e fizemos o nosso selo Roupa Nova Music, quando fizemos todos os nossos DVDs.
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As músicas, “Linda Demais”, “A Lenda”, “De Volta Para o Futuro e “Metade Da Maçã”, são apenas alguns exemplos de clássicos da Roupa Nova escritos por você. Fale um pouco de seu trabalho como compositor e de como é feito seu processo.
Kiko
Compor é um exercício como tocar guitarra, te dá maturidade. Isso não significa que você faz música todo dia, as vezes não sai. Quando menos você espera, vem a canção que você queria. Quando vem, você pensa: "essa não tem jeito?" Até você gosta (risos).
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O Roupa Nova é, talvez, o único grupo musical do Brasil que mantém sua formação original há 40 anos. Qual o segredo para manter um grupo de 6 pessoas, tão diferentes umas das outras, unidas por tanto tempo?
Kiko
Nós temos cabeça de banda. Quando as autorias estavam dando uma grana legal, o Nando chegou e disse que sendo composições separadas, daria uma diferença de ganho e isso poderia ser um problema. Como naquele momento ele tinha maior parte de letras e músicas, ficou numa situação melhor para sugerir dividirmos todas as composições por seis. Isso é, todas as coisas que dizem respeito à Roupa Nova são divididas por seis. Claro que existem as brigas, nem sempre tudo são flores, mas a maioria das vezes que brigamos é quando estamos criando ou resolvendo qualquer pepino e aí temos que votar. Quem perdeu, perdeu e vai com a maioria, mas sem se prostituir. Já aconteceu de um perder e no dia seguinte chamou a galera e disse que acreditava muito naquilo e nós fomos no feeling do cara e o negócio realmente foi melhor.
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Em março de 2009, o Roupa Nova lançou o CD e DVD de músicas inéditas intitulado de “Roupa Nova em Londres”, gravado no antológico estúdio Abbey Road. Para coroar esse trabalho, ele recebeu o Grammy Latino de Melhor Álbum de Pop Contemporâneo Brasileiro. Qual a emoção de gravar em um estúdio onde artistas renomados como The Beatles, Pink Floyd, Deep Purple, dentre outros, gravaram álbuns icônicos na história da música?
Kiko
Rapazzzzz! Essa gravação começou no dia do meu aniversário. Passar o seu niver no centro do mundo da música, no maior estúdio onde os maiores e melhores do mundo gravaram, não dá pra explicar. Quando o Serginho pediu pra montar a bateria num canto lá, o assistente disse que nesse canto era onde o Ringo pedia pra montar a dele sempre. Só esses seis malucos pra fazerem isso as nossas custas, com o nosso selo. Levar 23 pessoas para Londres na moeda mais cara do mundo. O Grammy veio presentear a disposição de pessoas que são trabalhadoras, artistas que são as primeiras pessoas a chegarem nos programas, chegarem antes dos Câmeras Man (risos). Isso é Roupa Nova. Não somos melhores que ninguém, mas existimos há 40 anos sem perder o foco da carreira e dar o carinho aos Fãs, que nos deram a carreira.
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Para encerrar nossa entrevista, gostaria que você falasse quais são as suas maiores influências na guitarra.
Kiko
Ao invés de citar muitos que me influenciaram, vou citar quem influenciou todos: Jimi Hendrix. Todos os guitarristas de bandas e carreira solo me influenciaram muito, todos mesmos, mas quem me botou uma guitarra no ombro foi Hendrix.
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