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  • Foto do escritorGuilherme Moro

Com novo disco em foco, Armada faz a diferença com suas letras e melodias

(Por: Guilherme Henrique Moro)

Com influências de várias sonoridades e sem amarras ao punk, o Armada é uma banda eclética, com letras e sacadas inteligentes, sem deixar de lado o cunho político.


A banda foi formada em 2017, mas não se engane pelo pouco tempo na estrada. Quatro dos integrantes da Armada integravam a célebre Blind Pigs, banda que ficou ativa no cenário independente por mais de 20 anos e chegando ao fim no ano de 2016. Com o novo projeto, os meninos ganharam mais liberdade artística, podendo transitar por vertentes diversas.


Foto: Rafael Cusato


Terminar uma banda já consagrada no cenário independente e começar outra do zero não é nada fácil. Henrike Baliú é o vocalista da Armada e comandou os vocais do Blind Pigs durante os 23 anos de estrada que o grupo percorreu. Ele relata como foi o processo de término da antiga banda até o nascimento da Armada: “Foi difícil cara, não vou falar que foi fácil até porque o Blind Pigs já tinha um nome. A gente teve que começar tudo de novo e estabelecer esse nome. O que nos ajudou muito foi ter um trabalho de assessoria de imprensa. Quando nós fomos lançar o álbum “Bandeira Negra” isso fez uma diferença brutal. Quando a gente lançou esse disco, não podíamos contar só para os nossos amigos e a base de fãs do Blind Pigs. Precisamos de todo um trabalho legal de assessoria e divulgação.”


O conceito da Armada nasceu a partir da música “Eterno Marujo”, composta pelo guitarrista Mauro: “Ele chegou com esse som e todo mundo achou muito louco, foi aí que a gente decidiu fazer uma coisa nova. Como essa música já tinha esse tema marítimo, eu pensei em fazer a Armada com essa temática que eu acho muito bacana. Na época do Blind Pigs a gente já tinha trabalhado nessa linha náutica, com o álbum “Capitânia”, mas ele era mais voltado para o lado militar da coisa. Com o novo projeto, a gente buscou mais o lado da pirataria e dos aventureiros. Eu queria um nome que soasse bem em inglês, espanhol e português. Armada veio muito a calhar. A partir disso a gente começou a compor algumas músicas com essa temática, mas o legal da Armada é que a gente segue por várias vertentes. Se você pegar o disco, não tem só músicas sobre mar, piratas e tudo mais; tem uma série de outras canções com temáticas completamente diferentes, explica Henrike.


Capa o álbum "Bandeira Negra", lançado em 2018


Principalmente no fim de sua vida, o Blind Pigs era uma banda estritamente street punk. Com o término do antigo projeto, os integrantes buscaram outros caminhos de composição: “Com o Blind Pigs a gente estava preocupado em fazer músicas com refrões fortes para cantar ao vivo, estávamos muito amarrados nesse lance. Com a Armada a gente se preocupa mais em fazer coisas interessantes e que realmente queremos fazer misturando todas as influências que a gente tem. A Armada é na sua essência uma banda punk, mas que navega por muitos outros mares. O nosso lance é ousar, sempre fazer algo diferente e nunca fazer o mesmo disco. Eu gosto muito disso, em termos de letra a gente consegue colocar algumas coisas mais pessoais, é algo que já não daria certo no Blind Pigs.


Algo notável na discografia da banda é que todos os trabalhos saíram em vinil, até mesmo os singles. Perguntado se a mídia física é algo importante para o conceito final dos álbuns e EPs, Henrike argumenta: “Na real eu penso o seguinte: você só tem um disco a partir do momento que ele sai em vinil. Então eu sou da chamada 'escola velha', faço questão que todo lançamento da Armada saia em vinil. Para mim isso é muito importante, até porque sou colecionador.


No ano passado, o grupo mostrou de vez seu lado político que era muito evidente já nos tempos de Blind Pigs. O lançamento do EP "Ditadura Assassina" relata em canções a indignação da trupe com os acontecimentos que ocorreram no Brasil de 1964 a 1985. Henrike contou um pouco sobre esse lado mais provocativo da banda: “Já na época do Blind Pigs muitas de minhas letras eram focadas nisso. Isso pode ser visto em músicas como 'Verão de 68' e 'Órfão da Ditadura'. São músicas que tratam especificamente desse tema. Eu vejo esse revisionismo histórico com a galera dizendo que na época da ditadura era tudo muito bom, tudo muito lindo e que deveriam fechar o congresso novamente. Para mim isso tudo é inaceitável, é de uma ignorância suprema. Com o 'Ditadura Assassina' a gente quis deixar na cara qual é a posição política da banda. Nós somos contra tudo isso e ponto final. Não deveria ser surpresa para ninguém, no álbum 'Bandeira Negra' já tinham músicas totalmente políticas como 'O Ódio Venceu'. Eu sempre gostei de escrever letras assim e o Mauro (Baixista) também.


Capa do EP "Ditadura Assassina", lançado em 2019


Perguntado sobre planos futuros, Henrike ainda anuncia que a banda irá lançar seu segundo álbum em breve e que faltam apenas alguns detalhes de pré-produção para o início das gravações: “Estamos focados nisso, eu coloquei a voz em uma música e depois que começou tudo isso eu não consegui gravar as outras. Vamos dar uma mexida nas letras, bater o martelo nos arranjos e assim que for possível entrar em estúdio”.


Ele ainda relata que a banda está compondo e produzindo bastante durante a quarentena: “As músicas que compomos nesse período ficaram para um terceiro disco. Elas ficaram tão legais que resolvemos segurar por achar que não vale a pena soltar agora. Estamos muito ativos nesse sentido, tenho feito muitas músicas com amigos. Na semana passada mesmo, o Mauro me mandou uma canção muito legal que ele fez”; comenta.


A banda acumula participações importantes de artistas como Sérgio Reis e Kiko Zambianchi, no álbum “Bandeira Negra”, porém isso não resume a obra do grupo. Armada mostra que dá para fazer um exímio rock and roll com muita qualidade, sem exclusivismo e não limitando suas letras e melodias somente ao punk. A trupe foca na música boa e principalmente no que acredita.


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Foto: Cristiano Martins


"1982" faz parte do álbum "Bandeira Negra" e é o mais recente videoclipe da banda

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