Em uma mistura de rock, blues e influências da musicalidade afro-religiosa, o cantor e compositor Casapronta lança seu primeiro álbum da carreira solo. O artista, que tem 26 anos de carreira, desponta na cena independente com seu estilo musical autointitulado “rock macumba”. O álbum “SETE”, número emblemático para o músico, simboliza um grito de protesto contra a demonização da cultura e religiosidade afro-brasileira, ao mesmo tempo que expressa liberdade e celebração às raízes ancestrais.
No disco SETE, Casapronta transmite suas experiências e observações acerca do universo do candomblé e umbanda, diluídas em poesia, acordes e atabaques. As músicas incluem vinhetas extraídas de áudios das festas de terreiro, dos Exus, de Zé Pilintra e Capa Preta. A irreverência, tão comum no rock’n’roll, também se faz presente no álbum com o som marcante das guitarras, além dos arranjos simples, diretos e crus.
O álbum tem um conceito construído a partir de uma narrativa, organizada através da sequência das músicas, que se inicia com os Exus, um feminino (1.Dona Maria) e outro masculino (2.Capa Preta), seguidos de ritos e costumes (3.Mandinga e 4.Oferenda). A trilha segue com a reverência a uma deusa africana da cultura Bantu / Angola (5.Matamba) e destaca o Deus cristão sob um ponto de vista regional (6.Deus é o Cão). A última faixa apresenta uma reza, rodeada de ancestralidade, em forma de samba, que abraça todo o trabalho (7.Reza).
“Falar de deuses e deusas na perspectiva de uma afrobrasilidade é revolucionário. É enfrentamento, é bater de frente com o conservadorismo que nos espreita em cada esquina. Com o disco SETE abro as portas de meu terreiro musical e convido o público para mexer o caldeirão cultural, com o dendê fervendo, para queimar a língua dos racistas e nos deixar passar com o nosso Axé”, destaca o artista.
Cria do Recôncavo baiano, Casapronta é natural de Feira de Santana, foi criado em Cruz das Almas e morou também em Cachoeira, regiões que influenciaram sua trajetória artística a partir da musicalidade e cultura pulsantes. “Os tambores africanos são base rítmica da música no mundo. No Brasil, os atabaques do candomblé ajudaram a moldar muito de nossa musicalidade. Partindo desse entendimento, tenho buscado cada vez mais incorporar a sonoridade dos atabaques às minhas composições, mesmo em se tratando de rock e blues, que também são músicas afro-diaspóricas”, conclui Casapronta.
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