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Foto do escritorGuilherme Moro

Zé Guilherme mistura pop, xote, samba, maracatu e lança o EP Zé

Em 12 de novembro, o cantor e compositor cearence Zé Guilherme lança “Zé”, seu primeiro EP que chega após quatro discos e cinco singles no mercado fonográfico. O novo trabalho é formado por seis composições autorais de estilos variados, do pop ao maracatu, passando pelo samba e pelo xote, o que bem representa sua trajetória desde Recipiente (2000), que o lança como intérprete, até Alumia (2018), o mais recente que o consolida como compositor.


O artista brinca dizendo que o EP poderia ser “uma salada de Zé”, pois mescla os diversos caminhos musicais que ele gosta de visitar e explorar, além de tirá-lo do lugar mais confortável de intérprete para uma imersão na criação de letras e melodias.



“Zé” é resultado de um intenso processo criativo em que Zé Guilherme mergulhou durante a pandemia. Segundo o próprio, “como resistência ao confinamento”, deu vasão ao seu lado compositor, cultivou parcerias nas relações online e produziu três singles que estão nas plataformas de música (agora compilados no EP). “Zé representa minha busca pela criatividade, minha luta contra a inércia durante a quarentena. O trabalho musical foi se intensificando nesse período e, cada vez mais, sentia-me imerso e espelhado nele, daí brotou a ideia do EP, que representa esse momento musical, descolado de estereótipos”, comenta. A capa - criada por Fernando Velázquez, com foto de Rafael Monteiro - é minimalista, em consonância com a proposta do trabalho: “uma imagem que me expõe naturalmente e me desnuda em um mar de possibilidades”, revela Zé Guilherme.


O novo trabalho tem produção musical e os arranjos assinados por Cezinha Oliveira. As três faixas que abrem o repertório de “Zé” foram lançadas em formato single, em 2021. A primeira, “Marcas” (parceria com Mario Tommaso), tem letra garimpada de poemas escritos por Zé Guilherme, no início da década de 1980. “A canção celebra uma noite de amor, quando as marcas deixadas pelo romance são relatadas ao pé do ouvido, pela manhã”, comenta o autor: “São horas de acordar / Levantar / Ir embora / Deixei um pouco de mim / (...) E me vou / E te levo comigo”. O arranjo pop, envolto de suingue, traduz o lado feliz do amor.


O EP segue com “Meu Querer”, canção autoral que remete à sua raiz cultural nordestina: um xote romântico que convida à dança. De refrão marcante, o clarinete dá um colorido especial à canção que fala do desejo de ter por perto a pessoa amada. “Sinto muito te dizer / Mas só aumenta o meu querer (...) / Te querer é como fogo / Queima / E aquece o coração (...) / Quero olhar / O entardecer / Todos os dias / De mãos dadas com você”. Com letra de Edson Penha e melodia de Zé Guilherme, “Ao Vento” canta as lembranças de um amor perdido, a dor da ausência e as memórias que ficaram por toda a parte. “Aqui tudo ainda é seu / Difícil encontrar o que é meu / Noite e dia, dia e noite / No açoite, nas correntes / Alma minha descontente / Que só sabe procurar”. Novamente, Zé Guilherme se reporta ao Nordeste com esse aconchegante xote de amor, marcado por bela melodia e sonoridade envolvente.




A primeira inédita, “Esperar” (Z.G. e Filipe Flakes), é um samba tradicional no qual o clarinete dá contornos de nostalgia à canção que fala de uma madrugada triste, da espera por tempos mais alegres, pelo momento de viver plenamente as emoções. “Flakes me enviou a melodia que criou numa fria madrugada de insônia. E o mote para a poesia da composição foi essa noite triste”, comenta Zé Guilherme. “Madrugada fria / E a melodia veio assim / Parecendo triste / Mas querendo ser alegre / Madrugada fria / E o coração a esperar / A calmaria do luar / Pra quando a gente se encontrar”. “O Desejo de Voar” (poema de Rico Ayade musicado por Zé Guilherme) é também um samba, cujo arranjo dialoga com a canção anterior, tanto no ritmo e na instrumentação quanto na malemolência do samba-canção. O sax soprano faz um belo desenho melódico no arranjo. “Escolhi musicar esse poema de Ayde porque fiquei encantado ao lê-lo, tinha tudo a ver com a expectativa do fim da pandemia”: “Quando o sol aparecer / quando a luz aqui brilhar / eu vou logo aí te ver / Vou correndo te abraçar/ Quando a noite se esconder / E a treva dissipar / Vou correndo pra te ver / Vou voando te abraçar”.


O maracatu “Vento-Criança” (Z.G. e Hang Ferrero) fecha o EP em clima de ciranda. A faixa, que tem participação especial da cantora e compositora Luana Mascari, é lúdica e alegre, e segundo Zé Guilherme, “remete à alegria do retorno ‘vida’ pós-pandemia”. A letra diz: “E arriscou de novo a dança / O vento-criança / Abram as janelas / Quero brincar / De rodo e rede / De pios e moinhos / Rodopios / Rodopios e redemoinhos”. O arranjo brinca com o ritmo, faz um jogo entre percussão, violão e flautas, convidando o ouvinte a girar na ciranda de “Zé”.


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