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  • Foto do escritorGuilherme Moro

Single do Rota 54 homenageia lutas e glórias de Muhammad Ali

O novo single da banda paulistana Rota 54, “Ali”, é uma homenagem a Muhammad Ali, pugilista norte-americano, considerado um dos maiores boxeadores da história. Além de seus feitos no esporte, foi ainda um defensor dos direitos civis e da luta contra o racismo.



Composta pelo vocalista e guitarrista Caio Uehbe, a música contempla algumas passagens marcantes da vida de Muhammad Ali, como no trecho “ Não há vitórias quando a luta não é justa! Não servirei a essa guerra suja ”, que remete a recusa de Ali em lutar na guerra do Vietnã, num contexto de segregação racial nos EUA.


Em outra passagem, aborda a mudança do nome e sua conversão ao islamismo, alegando que o antigo sobrenome Clay havia sido dado pelos senhores de escravos e por ser um homem livre, não fazia sentido usá-lo. “ Sou um homem livre, não aceito as suas leis, sou Muhammad Ali, não me chame Cassius Clay”. A lendária luta contra George Foreman na República Democrática do Congo, antigo Zaire, também não ficou de fora da faixa, e aparece no refrão “Ali Bomayê”, que no dialeto lingalês significa “Ali acabe com ele”, frase repetida pelos cidadãos locais que seguiam o boxeador nas ruas.


Foto: Jeff Marques

Ali é um líder mundial que me inspira por sua militância, sua força, suas ideias, sua técnica e sua retórica, e que deve ser relembrado. Estamos tendo, após a eleição, uma chance de refletir sobre o momento histórico nefasto que foi o desgoverno nazifascista do Bolsonaro, e acredito que uma música com a força de Muhammad Ali está nesse contexto de reconstrução de um país que sofreu tanto com um governo abertamente racista”, diz Uehbe.


Produzido por Wagner Bernardes e lançado pelo selo Red Star Recordings, o single “Ali” ganhou um videoclipe dirigido por Marcelo Jacob e estrelado pelo jovem boxeador Kelvy Alecrim, promessa olímpica brasileira. As imagens foram gravadas no “Boxe Autônomo”, projeto social e academia de boxe antifascista e antirracista na cidade de São Paulo. Kelvy Alecrim, morador da Favela do Moinho, começou a lutar através do projeto e hoje é uma das principais apostas do país na modalidade.


“É muito importante que atletas vindos de projetos sociais com um claro viés político comecem a ganhar destaque para acabar com esse discurso conservador, reacionário e empresarial, de que não se deve misturar esporte com política. Muhammad Ali e tantos outros já provaram como o esporte pode e deve ser um instrumento de denúncia e transformação social. Espero que Kelvy seja um grande campeão dentro e fora dos ringues, sendo uma voz contra o racismo, em defesa do direito das pessoas de sua comunidade, servindo de inspiração para os jovens”, revela o vocalista.


“Ali” faz parte do quinto álbum do Rota 54, intitulado “Bomayê”, que será lançado em março deste ano. Formada em 2008, atualmente a banda é composta por Caio Uehbe (vocal e guitarra), Daniel Moura (guitarra), Camarada Renan (baixo) e Vinícius Coelho (bateria).

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