Renato Russo tinha acabado de vir do lançamento de um dos mais primorosos álbuns da Legião Urbana, “Dois”, quando esbarrou com Flávio Venturini e falou para ele que era fã de sua banda, a 14 Bis. Renato encontrou Flávio dedilhando uma melodia e se ofereceu para escrever a letra. “Fiz como se fosse o pai falando para o filho durante uma tempestade”, disse ele ao apresentar "Mais Uma Vez" ao novo parceiro. Foi nela que Roberta Spindel se agarrou logo nos primeiros momentos da pandemia de Covid-19, que fez ela e gente do mundo todo ficar confinado dentro de casa, isolados de suas atividades e longe dos palcos.
Aposta de Caetano Veloso em 2011, compositora de mão cheia e intérprete de diversos grandes nomes da MPB, a cantora enxergou a luz no fim do túnel e convidou Rodrigo Suricato para regravar com ela "Mais Uma Vez". Com arranjo assinado pelo próprio Suricato e Fabrício Matos e produção de Fabrício e Lúcio Fernandes Costa, o single foi lançado em abril
“Quando a pandemia começou, eu estava totalmente confinada. Essa música fala de confiança. Quando a gente sabe o que vai acontecer, é mais fácil confiar. Ela trouxe uma luz naquele momento em que não sabíamos o que ia acontecer. Renato Russo estaria completando 60 anos e eu refleti muito sobre como ele nos toca com verdades. Tem artistas que trazem uma poesia linda, mas ele acessa essa essência com muita simplicidade, o que acho que acaba sendo um lugar complexo, e por isso tão bom”, diz Roberta Spindel.
Ao melhor estilo Russo e Venturini, Spindel e Suricato fazem um belo dueto e deixam marcas na história da pandemia que nem Renato Russo deixou. A leitura da dupla carioca virou um folk contemporâneo, distanciando-se da original (registrada pelos autores no álbum do 14 Bis “Sete”, em 1987) e do registro de Renato produzido especialmente para o álbum póstumo “Presente” (2003). A faixa é o primeiro lançamento de Roberta Spindel no selo Algorock, que prevê ainda uma série de outras gravações da cantora.