A música é uma arte que leva, às vezes, a caminhos inimagináveis. Já imaginou arranjos musicais entre uma viola caipira e um contrabaixo elétrico? Foi assim que dois músicos se conheceram em 2012 na UnB, quando se preparavam para um intercâmbio em educação musical com a Örebro University, na Europa.
Pedro Vaz e Jefferson Amorim, num inusitado duo de viola caipira e baixo elétrico, têm se apresentado em palcos importantes: na França (La Maison de l`Amérique Latine, Église de Saint Denis, Saint Fiacre e La Candela) e na Suécia (Biografbaren, Kulturpalaset NBV e Vuxenskulan) em uma turnê apoiada pelo Conexões FAC, em Goiás (XIX Festival de Cinema Ambiental - FICA), no Clube do Choro de Brasília, no SESC Garagem, Pousada SESC Pirinopólis, Circuito Violada Triângulo Mineiro, entre outros. Além disso, o duo já se apresentou ao lado de artistas como Nelson Faria, Fátima Guedes e da violonista e violeira francesa Fabienne Magnant.
Pedro Vaz, natural de Goiânia, descobriu a viola caipira depois da guitarra e da percussão. Em seus 17 anos de carreira, o músico tem explorado múltiplos universos musicais e coleciona grupos de referência como Cega Machado, Banda Caboclo Roxo, Banda Judas, Encontro Violado e Orquestra Roda de Viola, com gravações de CDs, shows e workshops, no Brasil e no exterior.
O músico brasiliense Jefferson Amorim iniciou seus estudos por influência do pai, aos sete anos, com a flauta doce. Na adolescência estudou piano, canto e violão até se apaixonar pelo contrabaixo elétrico. Formou-se pela Escola de Música de Brasília com o professor e contrabaixista Oswaldo Amorim. Graduou-se em Licenciatura em Música pela UnB com passagem pela Örebro University, na Suécia. Jefferson é professor da BsB Musical, compositor e baixista do Jazzmine e realiza trabalhos com artistas locais.
Agora após oito anos de parceria, o duo realiza a estreia de seu primeiro álbum nas plataformas digitais, com dez músicas. O lançamento será dia 27 de outubro com um show no Clube do Choro de Brasília, no Projeto Prata da Casa. O projeto é contemplado pelo FAC (Fundo de Apoio à Cultura), da Secretaria de Cultura do DF.
Essa formação é única, e não existe ainda, no Brasil, trabalho musical com essa proposta tão singular. O objetivo do duo é criar arranjos originais para músicas que os músicos gostam de ouvir e tocar no dia a dia, além do repertório tradicional da viola dando uma roupagem diferenciada a essas composições. O baixo está inserido na cultura Pop mundial. Já a viola é mais usada em estilos mais específicos. Tradicionalmente a viola é acompanhada por violão. Mas o duo trabalha de forma a criar um diálogo maior entre os instrumentos, onde o baixo não seria apenas acompanhamento para a viola, mas sim onde viola e contrabaixo fazem solos, arranjos e um instrumento acompanha o outro. Desta forma, essa união entre viola e baixo diluem as fronteiras entre a música caipira, o jazz, o rock, o sertanejo raiz e cria um universo único do duo.
A produção musical do álbum conta com a expertise, competência e musicalidade do multi-instrumentista Neymar Dias. Ele foi escolhido levando em conta suas carreiras musical e de produtor musical. Neymar tem formação em composição e regência. Tocou ao lado de Chitãozinho e Xororó, Ivan Lins, entre outros. O produtor escreve arranjos para orquestrações e gravou CD da Mônica Salmaso, além de ter experiência de longa data como violeiro caipira e contrabaixista. A contribuição de Neymar Dias foi decisiva para a qualidade do álbum.
Inclusão
Segundo os idealizadores, o duo também entende seu papel na sociedade e acredita que algumas de suas ações e posicionamentos podem contribuir de forma positiva na formação de uma comunidade justa e igualitária. Pedro Vaz e Jefferson Amorim priorizaram erradicar a exclusão feminina nas produções musicais e culturais com a contratação de profissionais femininas em diferentes áreas. No total, dos 11 profissionais envolvidos, oito são mulheres, sendo que quatro são musicistas jovens que se destacam em suas regiões.
Além dessas musicistas (Paula Vidal, Maísa Arantes, Lais de Assis e Larissa Umaytá), o projeto tem a contribuição da artista plástica e musicista Isabella Pina. Sua técnica de colagem e fotografia que ilustra a capa do álbum remete artisticamente a formação do duo, uma “colagem inusitada” da viola caipira com o contrabaixo elétrico, arranjos meticulosamente trabalhados em recortes e colagens especialmente para a formação instrumental do duo, a colagem do mundo da viola caipira ao mundo da música popular onde o contrabaixo elétrico está inserido.
Isabella Pina é uma artista brasiliense em ascensão e vem se tornando a “cara” da música de Brasília, uma vez que ela tem assinado diversas capas de discos de diferentes artistas da cidade, principalmente na música instrumental.
Além dela, Rafaella Pessoa é a fotógrafa do projeto. Ela se especializou em fotografar bandas de música em estúdio, bem como apresentando-se nos palcos. A fotógrafa traz para os musicistas fotografados por ela material visual de primeira qualidade. As mídias sociais ficam a cargo de Marcela e à Assessoria de Imprensa com Elen Carol Maia, da Entre Tons e Letras.
O repertório foi pensado em arranjos mais interessantes de forma a preservar a diversidade musical. Duas músicas são inéditas, compostas por Pedro Vaz e Jefferson Amorim: “O Vento da Seca (Jefferson Amorim)” e “Baile de Fronteira (Pedro Vaz)”, e oito são arranjos originais cheios de personalidade criados pelo duo, tais como: “Zanzibar (Edu Lobo)”, “Nuvem Cigana (Lô Borges e Ronaldo Bastos)”, “Mercedita (Ramón Xisto Rios)”, “Tristeza do Jeca (Angelino de Oliveira)”, “Hermetada - O Ovo e Forró Brasil (Hermeto Pascoal)”, “Luzeiro (Almir Sater)”, “Going to California (Led Zeppelin)” e “Something (The Beatles)”. O show de lançamento conta com a participação especial de Paula Vidal e de Talita Paiva.
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