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Foto do escritorGuilherme Moro

Paul McCartney compensa show repetido com performance histórica em São Paulo

Qual a sensação lhe traz assistir a um show repetido em um intervalo de um ano? O sentimento de tédio poderia vir à tona logo nos primeiros acordes. Mas quando se trata de uma apresentação de Sir Paul McCartney, no auge de seus 82 anos, é impossível sentir-se monótono. O ex-beatle subiu ao palco do Allianz Parque às 20h30 da quarta-feira, para a segunda noite de apresentação da Got Back Tour, que vem ao Brasil pelo segundo ano consecutivo.


Ao contrário da primeira noite, Macca escolheu Can't Buy Me Love para iniciar os trabalhos. No show anterior, ele havia escolhido A Hard Day's Night para marcar o início de seu espetáculo.


Como o repertório já programava, duas músicas de sua carreira ao lado do Wings vieram em sequência: Junior's Farm e Letting Go. A primeira surpresa da noite veio com All My Loving, que não era tocada pelo baixista desde sua passagem pelo país em 2019.


A festa engatou quando o músico empunhou a guitarra para fazer os primeiros acordes de Let Me Roll It, uma das músicas mais aclamadas de sua carreira solo.




As repetições do repertório em relação à sua vinda ao Brasil no ano passado não incomodaram. Pelo contrário, Paul teve a plateia na palma da mão durante as mais de duas horas e meia de show. As interações utilizando gírias das redes sociais como "o pai tá on", ou até mesmo outras gírias do cotidiano paulista como "mano" e "mina", trouxeram ainda mais intimidade do público com o artista, quebrando, de forma humanizada, toda a majestade e reverência dos fãs em relação à sua pessoa.


O bloco acústico foi aberto com In Spite Of All The Danger, o primeiro registro musical da história dos Beatles. No momento que foi fazer o solo da música no violão, McCartney se perdeu e pediu para a banda repetir o trecho. O momento rendeu calorosos aplausos do público.




Se houvesse alguém que à essa altura do show ainda não estava emocionado, com certeza não resistiu às apresentações solo de Blackbird" e Here Today, dedicada a John Lennon.


A novidade, já aguardada pelos fãs veio em seguida, quando Macca tocou os primeiros acordes de Now And Then, lançada no ano passado como a última música dos Beatles. Um momento que todos sentiram o peso e importância de prestigiar.



A pouca empolgação do público com a faixa New, que dá nome ao álbum de 2013, logo foi derrubada com a execução de Lady Madonna, logo na sequência.


Um adendo importante, é o palco minimalista e ao mesmo tempo grandioso que a turnê oferece. Os painéis de led e luzes que se movimentam, criando o clima perfeito cada canção, não passam despercebidos, principalmente os lasers que formaram, de forma acidental, desenhos psicodélicos na cobertura das arquibancadas do Allianz Parque.


As trocas de instrumentos são um show à parte. O músico toca de ukulele, em Something (dedicada à George Harrisson), a mandolin, em Dance Tonight.


A parte final do show é a que contempla os principais hits da carreira do músico, com destaque para Live And Let Die, que com o show pirotécnico caracterizado por sua execução, fez com que o estádio do Palmeiras ficasse tomado por fumaça.



No bis, além do dueto virtual de I’ve Got A Feeling com Lennon, o destaque ficou por conta de Day Tripper, outra novidade que empolgou todos os fãs.


Viver na mesma época que Paul McCartney é um privilégio. Não importa se o repertório se repete, se as marcações de palco, falas, figurinos e performances são as mesmas. Ver um beatle de perto não pode ser normalizado.


O grande triunfo deste show, é que ele funcionaria se tivesse somente um fundo preto e um jogo de luz em cada um dos integrantes da banda. Todos no palco estão tocando de verdade, nem mesmo com auxílio de ferramentas técnológicas tão comuns atualmente. O baterista dita o tempo de cada música e na contagem de um, dois três, todos tocam em alto nível.



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