top of page
Foto do escritorGuilherme Moro

Música pop atrai público jovem para o mercado de discos de vinil e lojas apostam em LPs lacrados

Lançamentos de artistas da música pop têm atraído o público jovem

para o mercado do vinil, o antigo bolachão, como ficou conhecido na década de 1950. Álbuns de cantoras contemporâneas como

Taylor Swift, Olivia Rodrigo e Lana Del Rey estão entre os mais procurados.


Com um acervo dedicado totalmente aos discos de vinil novos e lacrados, a loja online Mundo Vynil, com sede em Ribeirão Preto criada

por Guto Carlos, 34, e Denise Meira, 33, tem alcançado crianças, adolescentes e jovens adultos. “Hoje temos clientes de 17 anos. Muitas pessoas pensam que os interessados por discos são somente pessoas mais velhas, o que não é verdade. O fã jovem de música pop tem consumido boa parcela dos nossos produtos”, afirma Meira.



O comércio eletrônico do casal vende de 500 a 600 discos novos por mês. Segundo eles, discos usados não conseguem suprir a demanda. “Nosso maior público está em São Paulo, mas vendemos para

todo o Brasil. Nosso próximo passo é ter pelo menos um escritório físico para aumentarmos o estoque, que hoje é armazenado em nosso apartamento. Creio que em breve também vamos precisar ter um loja

física“, comenta Carlos.


Em 2023, as vendas de discos de vinil registraram aumento de 15% em

todo o mundo, superando o mercado de CDs pela primeira vez em 36 anos, segundo levantamento da Pró-Música BR. No Brasil, no primeiro semestre do ano passado, as lojas faturaram R$ 5 milhões com a venda de vinis em todo o mercado fonográfico.


Lojistas e vendedores do mercado de discos notaram um aumento na

procura de discos lacrados, o que, segundo eles, ocorre cada vez mais pela baixa oferta de discos usados com boa qualidade de

reprodução. Muitos álbuns têm capas e encartes danificados pelo tempo de uso.


“O disco usado bom está escasso, pois já foi vendido para colecionadores. Faz quase 30 anos que a primeira leva de discos de vinil parou de ser fabricada. Isso faz os preços dos usados aumentarem, quando bem conservados”, afirma Meira.


A comerciante diz ainda que, apesar disso, o público é distinto para

discos novos e usados. “Existem compradores que querem edições de época e outros que querem ter o disco, independentemente de ser usado ou não. O disco usado muitas vezes tem a capa apagada e esfarelando, riscos e chiados. Isso faz com que o vinil lacrado saia na frente nesse sentido”, explica.


Segundo Freddy Batista, produtor cultural, DJ e colecionador - dono

de um acervo de mais de 10 mil itens relacionados à música -, o alto valor do vinil usado, aliado à escassez de mercadoria, tem feito os fãs de música optarem por discos novos.


“Atualmente, muitas pessoas preferem comprar um disco ‘reprensado’, ou seja, em uma nova edição, com valores até mais baratos que os discos de época. No entanto, a variedade ainda é pouca, pois faltam fábricas de discos para suprir essa demanda. Claro que ainda existem os colecionadores que preferem os discos originais de época, mas a valorização destes implica no preço do produto e não costuma ser barato”.



Batista organiza feiras de discos itinerantes há quase dez anos, onde além dos discos, existem espaços alternativos com lazer, cultura e entretenimento, já que atrações musicais e culinárias também fazem parte do evento.


“Os frequentadores geralmente são pessoas que gostam de música e colecionadores. As feiras movimentam a economia local. Em uma boa edição, com média de 15 expositores, são vendidos cerca de 500 discos, movimentando cerca de R$ 50 mil”.


A valorização do mercado também aumenta o preço do vinil, o que contribui para que edições consideradas novas, tenham preços mais acessíveis do que os usados considerados conservados.


“Os discos usados estão cada vez mais raros. Com o sucesso das feiras,

dos sebos e lojas especializadas, a demanda de usados não tem volta. Mas ainda há muitos discos no mercado e pessoas se desfazendo

de coleções, então as feiras têm um longo caminho ainda” afirma o organizador.


O lojista Tony Elvis, 72, dono de uma loja na região central de Ribeirão Preto há 28 anos, notou a valorização do produto recentemente.

“O LP [long play] tem um valor muito maior. Por exemplo, o álbum de estreia dos Mamonas Assassinas é vendido por R$ 220, enquanto o CD [compact disc] custa R$ 20. A diferença é muito grande”, afirma.


Desde sempre amante da música, Tony Elvis começou a colecionar os LPs

em 1968 e chegou a ter 370 discos na década de 1970. Desde os anos 1990 mantém seu comércio especializado em artigos musicais. Agora, conta com a ajuda do filho, Daniel Elvis Batista, 32, nas finanças, divulgação e organização da loja.



Há dez anos, Daniel Elvis trabalha com o pai e afirma que a loja teve que se adaptar e aumentar a venda de discos lacrados. Apesar disso, garante que a grande parte do acervo é composto por mercadoria usada.


“De 2020 para cá, percebi o disco mais valorizado e com uma demanda mais alta de clientes. Hoje o faturamento da loja é de R$ 8 mil a R$

10 mil por mês, somente contabilizando as vendas de discos. Em um sábado bem movimentado, a loja recebe mais de 100 pessoas”, revela o comerciante.


Além dos discos de vinil, a loja lucra com vendas de CDs e digitalizações

de fitas K7. “As pessoas vêm aqui e procuram os mais diversos tipos de estilos musicais para suas coleções: rock, pop, sertanejo, trilhas de novela, etc. A variedade é muito grande e conseguimos alcançar todos os clientes”.

bottom of page