“Azul” é o álbum de estreia de Danilo Cutrim em carreira solo. Depois do meteórico e consagrado Forfun, do improvável e charmoso daBossa (duo com o virtuoso violonista Jean Charnaux, que também acompanha o gênio Guinga) e do atual Braza, que viaja pelos quatro cantos do país, o artista se renova em sua multiplicidade novamente, mas dessa vez sozinho, pleno, tranquilo, como sugere o significado da cor que batiza o disco.
Apesar de solo, o artista contou com músicos renomados como Jorge Helder e Jurim Moreira (Chico Buarque, Maria Bethânia), Lelei Gracindo (Milton Nascimento, Djavan) e talentos da nova geração como Migga Freitas e João Moreira (Marina Senna, Liniker) nessa fina gravação mixada e masterizada à moda antiga por Elton Bozza e Carlos Trilha (Marisa Monte, Renato Russo).
Música popular brasileira é genuinamente o que propõe Danilo nesse trabalho encantador, que viaja desde balanços deliciosos como “Somos Um”, single de estreia, ritmos afro-brasileiros na swingada e crítica “Vai Cair” e no doce ijexá “Encontro de Almas”. Além do lindo forró à lá Gilberto Gil em “Falar com Deus” e finalmente até o samba e a bossa nova em “Ao Lado Teu” e “Meu Jardim”, entregando a sua alma carioca, apesar seu nascimento em Salvador.
Os videoclipes originais dos singles e a atmosfera analógica também são marca registrada na carreira solo do cantor, que assina e dirige a maioria das produções. Coreografias e figurinos que remetem ao 70’s e 80’s inspiram um tom de regaste, porém atual e contemporâneo.
O álbum, com 13 faixas, também conta com dois duetos. Um deles, o baião arretado e rabecado com o talentoso cantor e sanfoneiro capixaba Felipe Peó, “Aí que Saudade”, composto on-line durante a dura e dramática pandemia. O segundo no hit “Vou Voltar” com a cantora de voz inigualável NêgaAmanda, e que parece ter sido tirada de um disco do conjunto Toto, dos anos oitenta.
Em tempos de urgência e fake news, Azul, de Danilo Cutrim, é um trabalho autêntico e atemporal, de um músico corajoso com um único comprometimento, o mais sublime que pode haver na arte: a sua verdade.