Groove do Bom foi lançado na última sexta (21). Dançante, contestador e instigante para trilhar o caminho traçado pela Favela Soul. São dez anos de estrada fazendo a vida da periferia alagoana mais leve.
Letras críticas e musicalidade marcante fazem parte do DNA da Favela Soul, que segue à risca a filosofia do movimento hip hop interpretando a realidade social periférica. O diferencial da banda está na devolução dessa interpretação para a periferia. Favela Soul passa a visão da cultura da rua para a própria rua, abordando temas do cotidiano sempre com uma mensagem positiva para quem vive essa realidade. O objetivo não é só mudar o cenário, mas mostrar que a mudança está dentro de cada um, não importa a condição social.
Para contar essa história e disseminar as ideias, Favela Soul selecionou dez canções. Cinco inéditas, Cultive o Amor, Mantendo a Conduta, Disposição, Pronto Pra Vencer e Essa Menina, com grandes mensagens de otimismo para esses tempos pesados. E novas versões do EP Solta Esse Black, lançado em 2017, incluindo Black que é Black, vencedora do II Festival Em Cantos de Alagoas.
Com referências nacionais e internacionais, como The Roots, Planet Hemp, Cypress Hill, Nação Zumbi e De Falla, e bebendo em ritmos como funk, rap e rock, Favela Soul construiu uma sonoridade mais pessoal nesse trabalho. “Os beats eletrônicos assumindo a cozinha da banda, junto com o baixo sem a presença de uma bateria acústica, com certeza é o traço marcante desse disco.”, explica Mc Tribo, vocalista e letrista da banda.
A aposta nos beats, sem perder a pegada orgânica, foi um caminho natural. “Conseguimos manter o equilíbrio das duas partes sem que uma anule a outra.”, explica Carlos PXT, DJ e beatmaker que assina a produção do álbum. Carlos buscou referências no funk norte-americano e suas fusões com o rock no final dos 1980/90. “Rick James, George Clinton e Prince, por exemplo, utilizaram muitos elementos do hip hop nas bases do funk soul nessa época. E essa é uma grande influência para todos da banda.”, diz.
Os anos de atuação no cenário cultural periférico trouxeram amadurecimento não só musical. São mais de dez anos de resistência e perseverança, passando mensagem em cima de um som autoral e de qualidade. “Isso não temos como mensurar a real importância, mas já sabemos que é histórico dentro do contexto da música autoral Alagoana.”, reconhece Mc Tribo.
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