A jovialidade da nova música brasileira misturada com a classe de uma diva da MPB. Roberta Spindel vem fazendo bonito e mostrando todo seu potencial em suas composições. A mais recente é “Alma Água”, single composto em parceria com Daniel Lopes, que além de produtor, já compôs músicas para artistas como Sandy, Milton Nascimento e Tiago Iorc.
Este single é o segundo lançamento do EP, com seis faixas, que está sendo lançado gradualmente e estará completo até o final de 2021. "Alma Água" fala sobre o caminho, sobre desprender-se do apego, sobre a confiança e o lançar-se ao desconhecido. Fala do pé, antes do chão.
“Escrevo sobre coisas românticas, mas sinto que minha maior inspiração é existencial. Tenho a música ‘Fina Flor’, que fala sobre depressão e ansiedade. Ela fala sobre ficar preso ao passado e ao futuro e que em nenhum desses dois lugares você vai ficar bem. Também tem as regravações, as canções de amor e ‘Pérola’, que também é outra canção existencial”, comenta a cantora.
Em abril deste ano, Roberta lançou o single “Mais Uma Vez”, com a participação de Rodrigo Suricato. A música é uma regravação de Renato Russo.
“Essa música tem tudo a ver com o momento. Sempre procuro trazer as músicas para o meu universo. Quando a pandemia começou, eu estava totalmente confinada. É uma música que fala de confiança. Quando a gente sabe o que vai acontecer, é mais fácil confiar. Ela trouxe uma luz naquele momento em que não sabíamos o que ia acontecer. Renato Russo estaria completando 60 anos e eu refleti muito sobre como ele nos toca com verdades. As coisas dele são muito atuais. Tem artistas que trazem uma poesia linda, mas ele acessa essa essência com muita simplicidade, o que acho que acaba sendo um lugar complexo e por isso tão bom”, afirma.
Sobre os novos artistas e o futuro da música brasileira, Roberta opina e expõe o que deve ser feito:
“A gente é muito rico aqui no Brasil. Tem espaço pra todo mundo, mas sinto falta de um fundo maior para manter a alma da música brasileira, pra manter o que a gente tem de mais complexo. Nossa cultura não pode virar uma cultura só de músicas de festa. A gente tem que preservar as músicas mais complexas, ter um investimento nisso e não esperar que o mercado defina. As pessoas não podem nortear suas músicas pelo que vende. Tem uma parte da música brasileira que não pode morrer”.
