Reunidos através de seu amor em comum pela música há quase oito anos, os integrantes da Lupa viram seu talento conquistar espaços além dos limites de Brasília – sua cidade natal – e levá-los em uma jornada pelo Brasil inteiro. Juntos, Múcio Botelho, João (Junin) Pires, Lucas Moya, Victor Fonteles e André (Dezis) Pires assistiram a carreira decolar e chegar até o palco de um dos maiores festivais do mundo, em novembro de 2019: o Rock in Rio. E então, em março do ano seguinte, a pandemia os obrigou a dar uma pausa.
Muita coisa aconteceu desde então. O baterista João Pires, o Junin, revelou aos fãs seu talento nos vocais e lançou dois EPs solo, “Músicas Para a Janela” (2020) e “Amor Carnaval” (2021). Ao mesmo tempo, Múcio descobria o caminho para dar início a outro projeto de vida: a carreira política. E assim, a Lupa ficou quietinha, esperando a pandemia passar e a hora certa de voltar.
Com o single novo, “Se Você quiser”, disponível em todas as plataformas digitais e o novo disco prestes a ser lançado, a Lupa apresenta nova formação. Sem Victor na guitarra e Dezis no teclado, a banda se torna um trio e entra em uma nova fase.
Múcio concedeu entrevista exclusiva ao Blog Música Boa e falou sobre a nova etapa da trupe.
Blog Música Boa
A Lupa está em uma nova fase. Quais estão sendo os maiores desafios de se adaptar à essa realidade?
Múcio Botelho
A maior dificuldade que estamos tendo no momento, é saber até onde podemos ir com os nossos shows. A Lupa é uma banda que lida com gente, que faz bagunça e lida com multidões. É o que sabemos fazer. Estar nesse período esquisito que estamos vivendo é uma grande dificuldade. Recentemente fizemos nosso primeiro show após a pandemia, em um evento menor, ao lado a Day Lins, que é uma artista incrível. Foi maravilhoso, um evento lindo. A dificuldade é saber identificar o que é seguro para fazer o que a gente mais gosta.
Blog Música Boa
O que mudou com a nova formação? Quais os próximos passos?
Múcio Botelho
A nova formação está a melhor coisa do mundo. Eu, Lucas e João estamos pegados no serviço, de cabeça e coração dentro do projeto. É a primeira vez que a banda está compondo junto, saca? Pra mim é um negócio maravilhoso. Ficamos dois anos presos, então tivemos muitas ideias, pensamos muitas coisas, vivemos muitas coisas. Estamos colocando música para fora a torto e a direito. Temos mais de 50 músicas prontas e 15 lançamentos previstos. As coisas estão saindo fáceis e verdadeiras.
Blog Música Boa
"Se Você Quiser" é o mais recente lançamento de vocês. Como está a recepção do público e da mídia referente ao novo trabalho?
Múcio Botelho
Esse foi o melhor lançamento da nossa história. Temos as métricas de streamings e ‘Se Você Quiser’ foi de longe o melhor lançamento, dobrando nosso último recorde. Fãs e todos que nos acompanham estão 100% mobilizados. São dois anos de saudade, entende? A galera caiu matando em cima do clipe e da nova estética. Está tudo lindo. O Brasil inteiro está respondendo muito bem. O novo formato caiu como uma luva. Estamos mais roqueiros do que nunca.
Blog Música Boa
A cena rock de Brasília é muito famosa por ter bandas extremamente conceituadas e que marcaram época. Há um peso em representar a cidade pelos quatro cantos do Brasil?
Múcio Botelho
Não tem nenhum peso, somente benefícios. É uma coisa maravilhosa. A gente roda o Brasil inteiro e por todo lugar que a gente vai, a galera vê que somos uma banda de Brasília e nos recebe de braços abertos. Está no DNA dessa cidade. Pra gente é muito gostoso e um orgulho muito grande representar Brasília. Poder levar o nome daqui para os outros estados é demais, porque tem que ser assim: uma banda puxando a outra.
Blog Música Boa
Hoje o rock está encabeçando muitos muovimentos musicais, algo que há muitos anos não acontecia. Você acha que nas últimas décadas, o gênero se blindou diante dos demais e não soube trabalhar em conjunto?
Múcio Botelho
Eu sempre disse que o rock sempre foi um gênero egoísta. São bandas que não colam pra se ajudar e são ciclos de gerações que não se comunicam. Isso é muito ruim, porque o pop, o sertanejo o hip-hop, todo mundo se une, fazendo feats, shows e turnês em conjunto. Os outros gêneros têm movimentações lindas. Não existe artista no mundo que consiga manter um hipe por três ou quatro anos initerruptos. Isso não existe. As redes são importantes e o rock não soube aproveitar. Rolou isso nos anos 80, nos anos 90 mais ou menos e depois, só ladeira abaixo. Até hoje, isso é muito nichado no Brasil. É algo que a gente tenta quebrar. A cena precisa disso, se não a gente corre o risco de perder essa momento mundialmente interessante para o rock. No começo, a gente foi muito largado. Fomos uma banda que não teve ajuda de outras e passamos por muitos apertos que não precisávamos ter passado, mas foi bom, porque aprendemos muitas coisas, desenvolvemos nossas próprias relações e hoje fazemos questões de ajudar todas as bandas que estão nascendo. Essa foi a ajuda que a gente não teve. Nossa próxima meta é conseguir chegar nos dinossauros de Brasília, conviver e tocar com essa galera.
Blog Música Boa
Hoje a Lupa é uma banda contratada pela Sony Music. Quais as vantagens de estar em uma multinacional em 2022?
Múcio Botelho
Não é porque você está em uma gravadora, que você terá acesso a tudo que uma gravadora pode te dar. A Sony é nossa parceira, mas somos praticamente uma banda independente. Temos o apoio e inserções por conta deles, mas o trabalho é a gente. Eu acho que nada vai substituir isso. A Sony é um selo de validação muito grande, mas se alguém acha que recebemos mundos e fundos, que temos uma equipe imensa trabalhando com a gente, esqueça, porque é mentira. Isso não existe. Nem o Capital Inicial tem isso hoje em dia. A Sony é um selo de qualidade, mas é um trabalho de correria e se tiver a gente não acompanhar, não anda. Eu gosto de estar 100% dentro do processo.
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