O teatro é conhecido por apaixonar, emocionar, cativar e levantar uma série de questionamentos e sentimentos. A música, por sua vez, também proporciona tudo isso, mas de forma auditiva, sem a necessidade da visão.
Grandes artistas são inquietos e não se contentam em proliferar arte somente de uma forma. É desse jeito que nascem os multiartistas, como é o caso de André Amahro, que criou o projeto “Triciclo - Arte Móvel para Passeio”, que une um livro, um álbum de músicas, audiocontos e três séries fotográficas.
Reconhecido e premiado por sua longa atuação no teatro e em outras áreas artísticas, Amahro estreia como cantautor em um álbum sensível, claro e assertivo, com produção musical e arranjos de sua esposa, Fernanda Cabral, com ampla carreira no mercado fonográfico e que também empresta voz à quatro canções do trabalho, além de estar no papel de musa inspiradora na maioria das faixas do álbum.
"Eu não quero me lançar como cantor. Não é uma pretensão consciente. Eu estou cantor neste momento. Eu quero que as pessoas conheçam as minhas canções. Tem sido muito bacana me enxergar nessa posição, entender o universo do cantor, desde o aquecimento de voz ao psicológico. Fernanda sempre me deu muita força", afirma o artista.
Como intérprete, Fernanda Cabral lançou um álbum de estúdio em 2011 e três singles durante a pandemia. Um deles, "Passáro", possui a participação mais do que especial de Ney Matogrosso. Como não bastasse a honraria, o ex-Secos e Molhados se hospedou na residência do casal, o que proporcionou a André uma experiência única, antes mesmo de se apresentar ao mundo como cantautor.
"Eu apresentei duas canções para o Ney e ele disse que eu tenho uma bonita voz, com um timbre legal. Depois que eu ouvi isso, tomei coragem (risos)", diz com orgulho.
O single que apresenta o álbum, "Cafuné", mostra a beleza da poesia do compositor, aliada à moderna sonoridade sugerida por Fernanda: Orquestrações de trompete, sintetizadores e bateria semi-compassada formam um casamento harmonioso e surpreendente. O lindo clipe em preto-e-branco dirigido por Gabriela Cardell traz cenas do casal ao ar livre em Brasília, sua cidade natal, transbordando a cumplicidade e a felicidade apresentadas nas canções do disco.
"Todas as canções me tocam, mas 'Cafuné' se destaca pelo arranjo, principalmente pelo swing e pelo groove que ela apresenta. Tudo saiu muito orgânico. Foi uma escolha pela qualidade da produção", explica.
O álbum foi gravado no Studio Sereia (Fernanda Cabral), Sultana Records (Lucas Trigueiro) e Refinaria Estúdio (Alan Pinho), onde também foi mixado e masterizado.
"Eu sou diretor e autor. Meus espetáculos, ao longo dos meus 40 anos de teatro, sempre tiveram minhas composições. Comecei a compor dentro de um contexto intímo e amoroso, de forma bem orgânica e a presença da Fernanda foi fundamental. Decidi aliar um momento fértil musicalmente, à coisas que eu já estava fazendo, como escrever poesias".
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