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Foto do escritorGuilherme Moro

Encontro de Milton Nascimento e Chitãozinho & Xororó é marco na música brasileira

O que seria da música brasileira se não fossem os encontros? Tantos deles já renderam músicas, discos e turnês mágicas que até hoje estão presentes em nosso imaginário.


Foto: Fábio Rocha/Rede Globo

Os dois principais personagens dessa história são especialistas em proporcionar encontros lendários: Milton Nascimento pra sempre será vinculado com o Clube da Esquina e com suas parcerias icônicas com Chico Buarque e tantos outros. Enquanto Chitãozinho & Xororó, vivenciaram grandes momentos ao lado dos Amigos, Zé Ramalho e vários nomes da música brasileira e internacional.


Essas três vozes finalmente se encontraram no EP "Outros Cantos", disponibilizado nesta quarta-feira (15) e que é composto por sete faixas, sendo "Seu Bento e Dona Linda" a única inédita. Compõem o repertório, "Terra Tombada", "Evidências", "Olhos Pra Te Ver" (gravada por Ivan Lins em 2012), além de "Nos Bailes da Vida", "A Festa" e "Morro Velho".


A sutileza com que as vozes se encaixam é impressionante, assim como a versatilidade que Xororó demonstra, ao modular com tamanha facilidade entre tons graves e agudos.


Nas canções da dupla, os tons mais baixos em decorrência da tecitura vocal mais grave de Bituca, valorizaram ainda mais as letras e os arranjos de muito bom gosto escritos por Ricardo Gama e Cláudio Paladini, que assinam em conjunto a obra.


O destaque fica por conta da inédita "Seu Bento e Dona Linda", uma música forte e emocionante, que trata com leveza a história de um senhor que aguarda há muitos anos sua amada. A música é a personificação do EP, que remete ao Milton de "Cio da Terra". E falando em terra, como é bom ouvir uma nova versão de "Terra Tombada", uma das mais belas canções do rico repertório de Ch&X.


Os arranjos de cordas de Lucas Lima completam de forma suave as camadas musicais que o EP sugere, trazendo ainda mais classe ao que já era primoroso.


Uma curiosidade interessante fica por conta da masterização da obra, feita por Brendan Duffey, conhecido por seus trabalhos como produtor e engenheiro de som no mundo do metal.


Em tempos de separação e segregação em alta na sociedade, a música tem o papel de unir pessoas. Unir estilos. Unir histórias. Histórias essas que fazem parte do cancioneiro de um povo. A música sertaneja retratou por muitos anos o dia a dia de gente muito sofrida. Hoje, apesar de pop (e que bom!), ela ainda mantém suas origens e é respeitada pelo Brasil afora. Isso não seria possível sem Chitãozinho & Xororó.


Milton, hoje curtindo sua aposentadoria, não cansa de nos presentear com obras que pra sempre ficaram marcadas em nossos corações. O tamanho deste encontro não se limita à MPB e tão pouco ao sertanejo. É uma vitória da música. Música essa que quebra barreiras, esteriótipos e preconceitos.


E como dizia o poeta: "todo o artista tem de ir aonde o povo está". Até porque, todo artista de verdade, nasceu pra cantar.



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