Chegando às plataformas digitais no dia 19 de novembro, Apenas Uma Fantasia, novo single de Dulce Quental, é o primeiro de seu novo álbum, Sob o Signo do Amor, e revela uma artista que se reinventa de acordo com seu tempo. O lançamento do disco está previsto para início de 2022.
Para falar do dilema da vida no caos das redes sociais, onde nos desencontramos dos nossos desejos autênticos em meio à multidão de miragens digitais, a cantora e compositora se entrega a metalinguagem e reestrutura sua própria canção.

Livre e inventivamente, recorta versos e vozes e os cola onde lhe parece interessante. Pratica, por meio dessas e de outras colagens, a mesma “desordem da imaginação” que salta dos versos por ela escritos e cantados.
A faixa se desenvolve em caminhos capilares, sem nunca olhar para trás. A música nunca volta ao mesmo arranjo de antes e a canção, de forma repentina e natural, se torna um rap.
Pairando sobre batidas sincopadas de MPC, coros harmônicos, matizes de sintetizadores analógicos e as guitarras inconfundíveis de Pedro Sá (produtor do disco, assim como eu), Dulce canta e versa sobre fantasmas mentais, corta pensamentos metafísicos com o celular e, em seguida, faz o paralelo entre smartphone e o lago de Narciso. Tudo isso para concluir que corpo e mente se nutrem de fantasias e que o desejo é uma condição inegociável do ser-humano.
“Essa canção é apenas uma fantasia”, canta uma Dulce Quental que nunca ouvimos, projetada para fora da explosão de quem ela é causa e consequência; como a estrela dançante de Nietzsche, impulsionada pela força do caos.
