No documentário “Tudo pela Música - Os 20 Anos da Deck”, dedicado a contar a jornada da gravadora independente, um dos destaques é a história sobre o início da carreira de Pitty. No trecho, os produtores da gravadora, representantes de rádios em alta no início dos anos 2000 e a própria cantora contam sobre a gravação e o lançamento explosivo do álbum de estreia, Admirável Chip Novo.
Na década de 90, a artista era vocalista da Inkoma, uma banda baiana de hardcore punk, gênero caracterizado pela aceleração e agressividade do rock.
Tempo depois de se desligar das atividades da banda, a cantora recebeu um convite de Rafael Ramos, produtor da Deckdisc, para gravar suas composições autorais. Foi na Deck que Pitty viu uma oportunidade de ter o trabalho divulgado mantendo essência pessoal e suas características musicais.
O álbum, composto por onze faixas, foi lançado em abril de 2003, e entre as canções mais conhecidas estão “Máscara”, lançada como primeiro single, “Equalize”, música considerada uma exceção à regra no repertório por ter uma pegada de balada romântica e letra emocional, além canção homônima do álbum.
Na faixa-título, Pitty crítica o consumo em massa influenciado pelos meios de comunicação, que induz o consumismo a fim de alienar a sociedade, a desligando da realidade. Para construir a canção, a intérprete parte de uma metáfora que o retrata o ser humano como um robô, que aceita as regras do sistema sem senso crítico e questionamentos.
Na narrativa, quando o personagem percebe que perdeu a essência humana, ele é “reprogramado” a fim de seguir alienado. A nomeação do álbum, assim como a da música homônima, foi inspirada no livro “Admirável Mundo Novo”, livro com uma narrativa distópica onde as pessoas são adestradas para cumprirem um papel definido pelo totalitarismo.
Além da letra crítica, a canção é marcante pela introdução com solo de bateria. Durante a gravação, Rafael Ramos percebeu que a faixa precisava de uma virada na melodia que fosse capaz de encaixar a letra no instrumental. Para guiar o baterista Duda Machado, o produtor fez, com a própria voz, o solo que havia imaginado, e mesmo duvidando do sucesso dá sugestão, Duda seguiu as instruções, resultando em uma intro admirável.
O trabalho musical de Pitty foi atemporal e 20 anos depois, a faixa ainda provoca reflexões nos fãs
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