Amigos há muitos anos, o violonista Alessandro Penezzi e o bandolinista Fábio Peron costumavam ir à casa um do outro semanalmente para encontros regados a muita música, daqueles de “sangrar os dedos”, como brincam. Na pandemia, resolveram enfim criar “vergonha na cara” e entraram em estúdio para gravar um sonho antigo: uma fina seleção de choros e valsas autorais presentes no disco Alessandro Penezzi Fábio Peron, projeto contemplado pelo Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo (ProAc 12/2020) que conta com apoio do Acervo do Violão Brasileiro.
O trabalho foi registrado em um CD físico e também será disponibilizado nas plataformas digitais em 30 de março. Seu lançamento foi complementado por shows e oficinas abertas ao público com o tema “O Choro e seus diversos ritmos”, ambos com entrada franca. A programação aconteceu em Campinas no dia 20/01, Jundiaí, dia 21/01 e Osasco, dia 22/01.
“Demorou, mas quando chegamos, gravamos tudo em um dia só, em julho deste ano”, conta Penezzi. O tempo para maturar o repertório foi valioso, e juntos escolheram dez músicas de um e de outro, costurados por um fio condutor que obedece a uma ordem subjetiva, “porque na música instrumental não temos uma letra com um idioma para dizer sobre o que é aquilo, mas a gente concorda que tem uma história sendo contada com a sequência dessas músicas e sua variedade de ritmos e andamentos.
São choros lentos, sambados, de andamento médio, valsas rápidas e lentas. “O nosso jeito de fazer as coisas”, resumem. Por este jeito, entende-se também a maneira de retribuir à vida em homenagens a amigos e pessoas que admiram e que ganharam reverência nos nomes das músicas. Caso de “Chorinho pra Dominguinhos”, dedicado ao lendário sanfoneiro e compositor, “Choro do Pirajá” (para um amigo luthier) e “Mestre Miltinho” (um bandolinista e cavaquinista parceiro de ambos).
O duo aproveita a deixa e também aplaude a amizade de um e de outro. Penezzi compôs “Peron”; “´Trata-se de uma música de melodia simples para ele, que é cheio de harmonias rebuscadas e improvisos, fiz para que tenha a liberdade de dizer na hora o que ele quiser”, explica o músico. O companheiro devolve a homenagem em “Valsa crioula”: “É um gênero da valsa que o Penezzi domina muito bem e que flerta com o dois, compasso ternário com compasso binário”, explica Peron.
Destaque também para “Valsa de pedra”, composta em frente às pedras da cidade de Domingos Martins, no Espírito Santo, e “Partido atrevido”, que tem uma levada de partido alto derivada e inspirada na de Raphael Rabello [1962 - 1995], grande referência para os músicos. “A gente se inspira em quem a gente toca”, finalizam.
Comments